Quem me acompanha por aqui sabe que adoro musicais. Sempre que tenho a oportunidade também gosto de assisti-los no teatro, seja aqui ou no exterior. Infelizmente, eu acabei nunca assistindo O Despertar da Primavera. Baseado em peça de Eugene O’Neill, foi transformado em musical da Broadway há uns 15 anos. E deu a primeira grande chance de estrelato para Jonathan Groff e Lea Michele. Ganhou vários Tony’s na época, e agora virou um documentário/espetáculo/homenagem beneficente, que estreou na HBO Max. Para quem gosta do gênero, vale a pena ver Spring Awakening: Those You’ve Known!
Para quem nunca ouviu falar, o musical era baseado na peça O Despertar da Primavera, de 1891, de Frank Wedekind. A história se passa na Alemanha no final do século XIX. Os personagens principais são Melchior e Wendla. Ele, um jovem brilhante e rebelde que questiona os dogmas vigentes. Ela, de uma família de classe média alta, educada por uma mãe com rígidos princípios morais e religiosos. O encontro dos dois irá provocar a explosão do desejo, da vontade de conhecer o sexo e o amor. A história deles se cruza com a de vários outros jovens. Entre eles, o trágico Moritz e a bela Ilse, que tem a coragem de usufruir de sua liberdade e se aventurar pelo mundo. Todos precisam enfrentar o peso da repressão e do conservadorismo. Questões como abuso sexual, violência doméstica, gravidez na adolescência, suicídio e homossexualidade vêm à tona na vida desses jovens.
O que achei?
O documentário, produzido por Jonathan Groff, mostra como aconteceu a ideia de um espetáculo único, com o objetivo de ajudar o sindicato dos atores. E também como todo o elenco original, que inclui gente conhecida como Skylar Austin e John Gallagher Jr., retornou para a apresentação. O roteiro mostra um pouco da história, com cenas da produção da época. E intercala com momentos atuais, tanto do ensaio como da apresentação. Inclusive de números musicais. Há um belo trabalho de edição.
Mas na verdade, o que mais emociona são os depoimentos dos atores. John Gallagher Jr., que eu adorei em The Newsroom, fala sobre a dificuldade de fazer todas as noites um papel muito dramático. Lauren Pritchard fala sobre as cartas que recebia de jovens que sofriam abuso. Conta inclusive sua própria história sobre o assunto. Há vários depoimentos interessantes do autores Steven Sater e Duncan Sheik. E ainda do diretor Michael John Warren e do produtor Tom Hulce (sim, ele mesmo de Amadeus).
Mas é claro que os momentos mais emocionantes, divertidos e interessantes ficam por conta de Jonathan Groff e Lea Michele. Quem acompanha a carreira dos dois sabe da amizade fora do comum deles. Eles não se esquivam de falar sobre isso. Lea conta como se apaixonou por Jonathan antes de saber que ele era gay. E ele fala sobre o momento que decidiu sair do armário. Isso sem contar a agora famosa história do momento em que ela mostrou sua vagina para que ele soubesse como era anatomicamente. Rsrsrs.
Sou fã dos dois desde Glee. E fiquei feliz de poder vê-los falando tão abertamente – e penso que sinceramente – sobre amor, trabalho, música, amizade. O documentário envolve, faz rir e emociona. Faz com que você se sinta parte desse grupo. Gostei muito.