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Assassinato e religião dão o tom da excelente minissérie Em nome do céu

Já disse aqui algumas vezes que não sou uma pessoa religiosa. Por causa disso, evito entrar em conversas sobre o assunto. Mas, é meio impossível não falar sobre isso ao fazer uma análise de Em Nome do Céu, minissérie de sete episódios do Star Plus. O princípio básico é como o fanatismo, que mistura convicção e delírio, pode levar a um assassinato. E também ao comprometimento da vida de uma família e daqueles que pensam diferente. A minissérie é difícil de ver em alguns momentos, mas é excelente.

Tudo começa quando o detetive Jeb Pyre (Andrew Garfield) é chamado para investigar um brutal homicídio de uma jovem mulher, Brenda Lafferty (Daisy Edgar-Jones) e sua filha bebê. Um fiel cristão mórmom, Pyre vê sua fé balançada pelo crime. Especialmente quando as pistas apontam que o assassinato teve envolvimento da igreja. Quanto mais se aprofunda na investigação, ele descobre segredos que mudam completamente sua visão do mundo. E com isso, lhe causam traumas difíceis de superar. O crime transforma a rotina de toda a comunidade deixando as pessoas com um sentimento constante de paranoia. Pyre percebe que as pessoas envolvidas na morte de Brenda são extremamente perigosas e provavelmente farão outras vítimas.

O que achei da minissérie?

A série se passa em três momentos, que são mostrados paralelamente. Há a investigação de Jeb, a parte mais interessante. Também há o início da relação de Brenda com a família Lafferty, e como acabou assassinada. E também há a história do começo da religião dos mórmons, com a história do fundador, Joseph Smith, no século 19. Essa última parte é presente para que se entenda melhor as reações tanto da família Lafferty quando de Jeb ao longo da história. Mas é também a parte menos interessante, a não ser para saber sobre essa religião que tem no Brasil o país com seu terceiro maior número de seguidores.

Em nome do céu se baseia numa história real, o assassinato de Brenda. Houve inclusive um livro, de autoria de Jon Krakauer. Mas, o showrunner Dustin Black, tomou algumas liberdades com a série. O próprio personagem de Andrew Garfield não existia. Foi criado para a série, o que foi um triunfo para a história. Não só porque o ator está em estado de graça, em mais uma grande atuação. Mas também porque Jeb é a grande força que faz a série ter empatia com o público. Além disso sua parceria com o detetive Taba (o ótimo Gil Birmingham) também é um dos principais atrativos de Em Nome do Céu.

Na verdade, praticamente todo o elenco está sensacional. Mas, além de Andrew e Gil, vale ressaltar a excelência do trabalho de Wyatt Russell. Ele já tinha impressionado em O Falcão e o Soldado Invernal, e aqui tem seu grande momento como um dos irmãos Lafferty, Dan. Sua loucura, a forma como envolve todos à sua volta, formam um desempenho incrível.

E no final…

No final, Em Nome do Céu torna-se parte série histórica (lembra em alguns momentos produções do History), e parte investigação de crime verdadeiro. Há também um estudo de costumes. Mesmo se passando nos anos 80, há vários momentos chocantes sobre como as mulheres principalmente são tratadas. Mas o ponto principal acaba sendo o estudo de como uma religião pode envolver as pessoas de maneiras diferentes.. E como acabou servindo nesse caso para levar uma família a uma loucura coletiva que acabou terminando em assassinatos. Você vai se sentir incomodado em vários momentos. Mas, a série é eficiente justamente por causa disso.

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