Conheço muita gente que tem preconceito com musicais (eu amo). Também muita gente que tem preconceito com os grandes clássicos da literatura no cinema (eu amo). Para esses, fica a minha dica, rsrs. Nem cheguem perto de Cyrano, a maravilhosa e lindíssima adaptação da peça do século 19 de Edmond Ronstand. Está disponível na Prime Vídeo. O filme segue uma linha diferente do clássico. Se baseia na peça musical off-Broadway, que foi estrelada por Peter Dinklage um pouco antes da pandemia. É uma preciosidade!
Aqui, Cyrano não tem um enorme nariz como aprendemos a conhecer. Seu problema e o que o impede de se declarar à mulher amada é sua baixa estatura. O filme segue a história de Cyrano de Bergerac (Peter Dinklage), um homem à frente de seu tempo. Ele brilha tanto pela destreza de sua réplica quanto pela de sua espada. É impetuoso, com a força de vontade de muitos talentos. Além de ser um duelista notável, ele é um poeta talentoso, e também um artista musical. Só que há um problema.
Apaixonado pela adorável e linda Roxanne (Haley Bennett), ele sabe que por conta de sua aparência física ele nunca conhecerá seu amor. Por conta disso, Cyrano decide colocar seu amor e ciúme para trás. Pretende ajudar o romance dela com Christian de Neuvillette (Kelvin Harrison, Jr.), um belo cadete. Coloca à disposição o seu serviço de poeta e o dom das palavras para que o casal troque cartas e se apaixone de uma vez por todas. Mas, nem tudo sai como deveria…
O que achei?
A história de Cyrano já rendeu várias grandes adaptações. Entre as mais conhecidas estão a dos anos 50, com José Ferrer, a dos anos 90, com Gerard Depardieu. E claro, a divertida Roxanne, com Steve Martin, que deixa as tragédias de lado. Esta versão de Peter Dinklage, dirigida por Joe Wright (Orgulho e Preconceito) pode ser colocada entre as mais belas. A linguagem é poética. Visualmente é um deslumbre (teve locações na Sicília). Isso sem contar a coreografia imaginável – repare na cena dos guardas duelando. As músicas, que também estavam no espetáculo, são belíssimas, mas sem o “estilo Broadway”. São de autoria dos gêmeos twin brothers Aaron e Bryce Dessner (da banda The National). As letras, românticas e envolventes, são do líder da The National, Matt Berninger, e de Carin Besser. Vale prestar atenção em cada palavra.
O elenco está todo estupendo. Demorei para reconhecer Ben Mendelsohn debaixo de tanta maquiagem, como o vilão De Guiche. Haley Bennett está linda e apaixonante como Roxanne – e que voz maravilhosa ela tem. Mas, é claro, o destaque fica por conta de Peter Dinklage. A gente sabe o quanto ele é ótimo desde Game of Thrones (foi premiado quatro vezes com o Emmy). Mas, como Cyrano, ele imprime uma verdade que os atores anteriores, com seus narizes impossíveis de acreditar, não conseguiam. Você crê em seu drama. E fica revoltada por seu medo de assumir seu amor, se declarar à pessoa amada. No final, essa história, como sempre, deixa um gosto amargo pelo desperdício de possibilidades (isso sempre acaba comigo, rsrs). Mas, com Peter Dinklage, parece que a tristeza é ainda maior. Se gosta de musicais e de literatura clássica no cinema, é imperdível.
Eloisa
17 de outubro de 2022 às 7:01 pm
Como sempre!! Tudo que vc escreveu é o que tb concordo
Eliane Munhoz
18 de outubro de 2022 às 9:47 pm
Que legal!! Obrigada!! O filme é o máximo!!