Já foram feitos vários filmes sobre Elizabeth da Baviera, conhecida pelos fãs de cinema como Sissi. A primeira versão chamada Kaiserin Elisabeth von Österreich é de 1921. Mas é claro que a mais famosa é a trilogia de filmes estrelada por Romy Schneider. Foi com ela que fiquei obcecada por essa figura histórica. Recentemente, vi a série da jovem Sissi que estreou na Netflix, A Imperatriz. E também o momento em que Romy retomou o personagem no final do vida em Ludwig: a Paixão de Um Rei, em 1973. É mais ou menos essa fase de Sissi que vemos em Corsage, filme que estreou nos cinemas esta semana.
Por toda a sua vida, a Imperatriz Elizabeth da Áustria foi idolatrada por sua beleza. E também conhecida por ditar tendências de moda. Era claramente uma mulher a frente de seu tempo. Mas, em 1877, a Imperatriz completa 40 anos e é oficialmente considerada uma velha (pelos padrões da época). Ela inicia então uma cruzada para tentar manter sua imagem pública, em uma batalha contra o tempo, em nome de sua vaidade.
A Sissi do filme é vivida por Vicky Krieps, que teve uma atuação marcante em Trama Fantasma. Ela está sensacional, mas lhe falta um pouco da vitalidade que obviamente existia em Sissi. Entretanto talvez tenha sido esse o objetivo da diretora Marie Kreutzer (também roteirista). O objetivo claro aqui é mostrar o cansaço de Sissi, uma alma libertária, vivendo uma vida onde tinha que corresponder ao desejo dos outros. O filme, apesar de lindamente fotografado, é deprimente. É como se sentíssemos toda a impotência de Sissi diante daquilo que tem que aguentar.
É claro que tudo se trata de uma ficção, mas ainda assim consegue captar toda a frustração de uma mulher que sempre foi linda tem medo da perda de sua beleza. Mesmo nos anos 1800, esse tipo de cobrança já existia. O título Corsage (espartilho) representa claramente como Sissi estava se sentindo presa naquela vida. Falando da produção, os cenários suntuosos fazem um interessante contraponto com músicas modernas que fazem parte da trilha sonora.
Corsage não é um filme para todos os gostos, apesar de ter feita parte da mostra Un certain Regard, do Festival de Cannes. É triste, é difícil de aguentar em certos momentos, mas é interessantíssimo. Especialmente para quem gosta de dramas históricos.