Desde meados do ano passado, venho ouvindo falar de Ruído Branco como uma possível presença na temporada de premiações. Especialmente porque era o filme de maior orçamento da carreira do diretor Noah Baumbach, e ainda era uma nova parceria com o astro de História de um Casamento, Adam Driver. Mas , o que era uma percepção inicial, com um prêmio em Veneza, não se confirmou. Teve algumas menções em listas de críticos, e Adam Driver recebeu uma indicação ao Globo de Ouro. Talvez por isso tenha estreado com pouquíssimo barulho na Netflix .
O filme, na verdade, é dividido em três partes, assim como o livro no qual é baseado, White Noise, de Don DeLillo. Na primeira, conhecemos a família de pai , mãe e filhos de diversos casamentos. Tudo parece uma sátira de costumes. Na segunda parte, a coisa se torna quase um disaster movie (em algumas cenas me lembrei de Guerra dos Mundos). É quando há um desastre que provoca uma nuvem tóxica e todos tem que fugir. A terceira parte é um pouco mais pesada, com suspeitas, drogas e dramas. É a mais fraca.
O que achei?
O filme tem 2h10 e você sente os 30 minutos finais. É descrito como comédia, mas sinceramente, cada pessoa tem uma percepção bem diferente da outra. Não consigo enxergar a diversão, mesmo com humor caustico em Ruído Branco. Não sou grande fã dos filmes de Baumbach, acho que as pessoas falam demais. E aqui em Ruído Branco não é diferente. Há cenas quando a família está toda reunida que me deixaram sem paciência. Entretanto há outras excelentes. A aula sobre Elvis, Hitler, e como as pessoas são influenciáveis por ídolos, deveria ser vista por todos. É sensacional! A cena da busca pelo coelhinho perdido também é ótima. Infelizmente, no geral, a coisa acaba sendo chatíssima. Também é preciso ressaltar a ótima direção de arte, que transporta todo mundo para os anos 80.
E no final…
É claro que Adam Driver é sempre um ótimo ator. E mesmo fazendo o papel de um homem bem mais velho do que ele, ainda funciona – a barriga falsa e a tinta no cabelo ajudam. Greta Gerwig, como a mãe, não me convence, mas tem uma boa cena, da briga no quarto. Don Cheadle, numa pequena participação, têm bons momentos. Li muitas matérias dizendo que o livro no qual o filme se baseia seria “infilmável”. Não li, não posso dizer, mas baseado no filme, acho que vou ter que concordar.