Os filmes de Darren Aronofsky não são fáceis. É só lembrar de O Lutador, Cisne Negro, e especialmente Mãe!. A Baleia, que estreia essa semana nos cinemas, não é diferente. Mas mantém você envolvido todo o tempo, acompanhando uma história de grande poder dramático. E além disso, tem um elenco sensacional. Especialmente Brendan Fraser, cuja carreira renasceu. Ele já ganhou o Critics Choice Awards, entre outros. E concorre ao SAG’s (que acontece neste domingo) e ao Oscar.
O filme se baseia na peça do mesmo nome de Samuel D. Hunter (também autor do roteiro). Nele, Charlie é um professor de 270 Kg, que não consegue sair do sofá. E também está repleto de problemas emocionais. Por causa de sua obesidade severa, não consegue sair do sofá. Sua única amiga é a enfermeira Liz (Hong Chau, ótima, e também indicada a vários prêmios). Então chega o momento em que Charlie precisa se confrontar com seu passado. E este envolve uma filha adolescente (Sadie Sink, de Stranger Things) e sua ex-mulher (Samantha Morton, de The Walking Dead).
O que achei?
O título A Baleia se deve à identificação de Charlie com a história do livro Moby Dick. O tema da história é claro. Dor e autodestruição estão sempre presentes. Você tem essa sensação desde a fotografia, a trilha sonora, e principalmente a direção claustrofóbica. Trata-se claramente de um teatro filmado. Há poucas cenas fora do ambiente do apartamento de Charlie. Mas lá dentro, conform o filme prossegue, Aronofsky consegue ultrapassar ideias pré-concebidas de beleza, e faz com que sintamos um grande carinho e preocupação por Charlie. Primeiramente através de sua voz doce, logo na primeira sequência, onde ele não aparece. E depois por seu olhar, que consegue transmitir a dor, o desespero, o carinho.
E aí que entra a performance superlativa de Brendan Fraser. É claro que ele usa uma maquiagem, e ainda uma roupa, que o ator disse que era pesadíssima, cheia de enchimento. Mas é possível ver o talento, o momento sublime de um grande intérprete. A história por trás das cenas, da recuperação da carreira de Brendan Fraser, que ficou anos no ostracismo, depois de grandes sucessos, como A Múmia. Isso faz que tenhamos um carinho ainda maior pelo filme, pelo ator, e pelo personagem.
No Festival de Veneza, em setembro passado, ele e o filme receberam quase 10 minutos de aplausos na sessão de gala do longa. Tal fato fez com que o ator se emocionasse ao agradecer . Ele é o favorito para o Oscar de melhor ator ao lado de Austin Butler (por Elvis). Confesso que estou dividida por essas duas atuações tão especiais. Mas creio que se Brendan Fraser ganhar vai ser muito mais emocionante.