Eu já escrevi sobre o que penso de Isabelle Huppert (veja aqui). A maioria das pessoas acha que ela é uma atriz sensacional. Já eu acho que ela faz sempre o mesmo papel, a mulher fria e superior. Não é diferente em A Sindicalista , que estreou essa semana nos cinemas. Entretanto, o filme é muito bom.
Ele foi exibido no Festival de Veneza, e se baseia em uma história real, que tem requintes de absurdo (e eu desconhecia totalmente) . Maureen Kearney (Isabelle Huppert) é uma delegada do Sindicato na Areva. Em 2012, ela se tornou delatora para denunciar um enorme segredo de Estado que abalou toda a indústria nuclear na França. Sozinha em meio a uma guerra contra todos, ela lutou com unhas e dentes contra ministros e grandes indústrias para trazer à tona esse escândalo, empenhando-se para defender os empregos de mais de 50 mil trabalhadores. Até o dia em que foi violentamente atacada e viu sua vida virar de cabeça para baixo.
O que achei?
O filme mexe com nossas sensações – em vários momentos chegamos a duvidar se realmente Maureen sofreu o ataque. Isso porque o diretor nos coloca na posição daqueles que viveram a história – e a viram de fora. Maureen passa pelas mais absurdas situações, acuada num mundo machista e onde quem tem poder faz o que bem entende. O momento mais desesperador é no julgamento com a juíza. Dá um gosto ruim na boca ao final. Especialmente pela história ser real.
E, é claro, Maureen é uma mulher forte, irônica, e que não demostra seus sentimentos. Ou seja, mais uma vez um daqueles papéis sob medida para Isabelle Huppert, que faz isso sempre. Mas outra coisa me incomoda também. Isabelle usa um filtro e uma maquiagem exageradíssimos – provavelmente para esconder que fazia uma mulher dos seus 50 anos na época enquanto a atriz tem 70. Não conseguia tirar os olhos daquele branco total radiante de sua pele.
Mas, de qualquer maneira, é importante assistir ao filme. É uma história que deve ser conhecida!