Pequenos dramas cult europeus tem um público cativo e apaixonado. Só que geralmente, ele tem que correr para o cinema para conseguir assistir, já que eles não ficam muito tempo em cartaz. E ainda, muitas cidades nem recebem o lançamento. De qualquer forma, para quem é fã, há uma oportunidade de conhecer dois, que estreiam esta semana nos cinemas brasileiros: o italiano Nostalgia e o francês Os Filhos dos Outros.
Nostalgia
O filme foi exibido no Festival de Cannes e indicado em nove categorias no prêmio da Academia Italiana de Cinema, o David di Donatello. Após 40 anos longe de casa, Felice (Pierfrancesco Favino, de O Traidor) retorna ao lugar onde nasceu, no centro de Nápoles, para rever sua mãe, que está bem velhinha. Lá redescobre os lugares em que andava, os códigos do bairro e um passado que o devora – e que ele quer consertar. Nostalgia se baseia no romance homônimo, de Ermanno Rea, e é o filme indicado pela Itália para ser o representante do pais no Oscar.
É obviamente um bom filme, tem cenas tristíssimas (especialmente as cenas com a mãe). E também tem o charme das ruas de Nápoles, que ficam ainda mais especiais vistas na tela grande do cinema. Apesar de que o que vemos não é a Nápoles turística, e sim a dos bairros dominados pela Máfia. Tudo vai bem até que começa a ser perceptível que Felice é um tanto inocente demais. E por isso, o final é mais do que previsível. Mas vale a pena ver, especialmente pela interpretação de Pierfrancesco Favino.
Os Filhos dos Outros
O filme esteve em diversos festivais internacionais, incluindo o de Veneza de 2022, em que concorreu ao prêmio de Melhor Filme. Os Filhos dos Outros conta a história de Rachel (Virginie Efira, de Benedetta). Ela é uma professora separada que se apaixona por um colega da aula de violão. O romance engrena e inclui o contato com a filha de 4 anos de seu namorado. As duas se dão muito bem, e isso desperta em Rachel o desejo de ser mãe também.
Tenho um certo problema com esses filmes que incluem muitas DR’s. Achei um pouco longo demais, na verdade. Entretanto, o filme é obviamente bem feito, e, com certeza vai emocionar muita gente. A garotinha que faz Leila , a filha do namorado, é uma graça. E Chiara Mastroianni (sim, a filha de Marcello e Catherine Deneuve) faz uma participação pequena, mas ótima. Só que o filme é todo de Virginie Efira (que venceu o Lumiere Awards por este papel). Que atriz interessante, e que não tem vergonha de mostrar seu corpo. Vale o filme!
E como curiosidade, repare no ator que faz o ginecologista velhinho. É Frederick Wiseman, o famoso documentarista.