Gosto bastante da filmografia do diretor David Fincher. Meu preferido ainda continua sendo Seven – Os 7 Pecados Capitais (sensacional). Mas gosto de Mank, O Quarto do Pânico, A Rede Social, Garota Exemplar. E gostei muito de O Assassino, que estreia nessa quinta nos cinemas. Me parece o seu filme mais autoral – e é bem bom!
Ele se baseia na série de HQs francesa escrita por Alexis Nolent (sob o pseudônimo de Matz) e ilustrada por Luc Jacamon. Mostra o momento de um assassino solitário, calculista e impiedoso (interpretado por Michael Fassbender) que está fazendo tocaia a espera de sua vítima. Só que logo ele será forçado a lidar com as consequências de um erro catastrófico que cometeu. O personagem, que não tem nome, sempre conseguiu se manter livre de arrependimentos e com uma postura fria e metódica. Entretanto agora este incidente o colocou no centro de uma caçada internacional por sua cabeça. É quando o assassino começa a desconfiar de todos aqueles que estão ao seu redor .
O que achei?
O início de O assassino é simplesmente sensacional, subvertendo todos os clichês do gênero. Ele mostra o momento de solidão, cansaço, tédio do personagem enquanto aguarda sua vítima. E com isso, cria uma sintonia entre assassino e espectador. É quando você vai se sentir torcendo pelo bandido, até que uma ou outra cena mostram quem ele realmente é , e que não tem piedade. Há algo de film noir, de John Wick (o primeiro). E ainda drama, suspense, ação, e até um certo humor onde você menos esperaria. Isso tudo com uma fotografia cheia de sombras, uma trilha sonora sensacional, e ainda o que é mais difícil de achar no cinema hoje em dia. Estou falando de um roteiro perfeito, que não enrola, e que funciona perfeitamente.
Mas é claro que muito do triunfo do filme se deve à performance de Michael Fassbender como o vilão/herói sem nome. Ele é totalmente distante, até porque a maior parte de suas falas é feita através de narração. Você sabe muito pouco sobre sua história, mas admira sua determinação e talento para lutas e para antever situações. Cria um elo de repulsa e identificação que é sensacional. O filme ainda tem algumas participações especiais (a sequência com Tilda Swinton é ótima), inclusive da brasileira Sophie Charlotte. Ela não tem grandes chances – vemos pouco de seu lindo rosto – mas sua participação é importante para a trama. É um fantástico início para uma carreira internacional.
O Assassino estreia nessa quinta nos cinemas, e dia 10 de novembro na Netflix. É imperdível!