Confesso que não sou a maior fã de Jogos Vorazes. Acho que os filmes têm um problema grave de casting – com Josh Hutcherson – que tira toda a “verdade” dos filmes. Mas, entendo que há pessoas que amam as histórias, os livros, e que os filmes transformaram Jennifer Lawrence em estrela (o Oscar veio depois). E provavelmente estas vão correr para o cinema para ver Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, que estreia nesse feriado de 15 de novembro.
Trata-se de um prelúdio da história de Katniss e companhia, mostrando a juventude do Presidente Snow, vivido por Donald Sutherland nos filmes prévios. Anos antes, Coriolanus Snow vivia na capital, nascido na grande casa de Snow, que não anda muito bem financeiramente. Ele se prepara para sua oportunidade de glória como um mentor dos Jogos. O destino de sua Casa depende da chance de Coriolanus ser capaz de encantar, enganar e manipular seus colegas para conseguir ser o mentor do tributo vencedor. E aquela que cai em suas mãos é Lucy Gray, do Distrito 12. Os destinos dos dois estão agora interligados. Com isso, toda escolha que Coriolanus fizer terá consequências dentro e fora do Jogo. Na arena, a batalha será mortal e a garota terá que sobreviver a cada segundo. Fora da arena, Coriolanus começará a se apegar a garota.
O que achei?
O filme pode ser dividido em duas partes. A primeira que se passa pré e durante os jogos é sensacional. Tem ação ininterrupta, Viola Davis se divertindo horrores como uma manipuladora chefe dos jogos. Há também uma química eficiente dos casal central, feito por Tom Blyth (da série Billy the Kid, do Paramount Plus) e Rchel Ziegler (a Maria de Amor, Sublime Amor). Até Jason Schwartzman, normalmente sem graça, diverte bastante como o apresentador dos jogos. O filme também funciona bem ao mostrar como o ser humano pode se tornar um ser bárbaro. Até aí, perfeito.
O problema começa na segunda parte – que faz com que o filme tenha 2h37 minutos. É longa demais – e enrola muito. Quando a ação vai para o Distrito 12, parece que se trata de um outro filme. E fica tudo mais difícil quando cortam o cabelo de Snow deixando-o a cara do Draco Malfoy, dos filmes de Harry Potter, rsrs. Também, Lucy Gray é uma personagem que deveria ser uma heroína, pelo que me lembro dos filmes originais de Jogos Vorazes. Entretanto aqui ela é uma mera coadjuvante. Vale pelos números musicais que Rachel Zegler canta com sua bela voz.
A mudança, a virada de chave, de Snow, de cara que tenta ser bom para vilão, é abrupta (enrolam demais e não sabem usar o tempo direito). E também mal explicada. Ele virou um vilão por causa de Lucy? E o destino dela? Tudo parece ser deixado em aberto para a possibilidade de uma sequência. E com isso o que poderia ter sido sensacional (a primeira parte) ficou totalmente cansativo por causa da segunda. Deu até saudade de Donald Sutherland!
Roberto Gomes
15 de novembro de 2023 às 2:58 pm
👏👏👏👏