Sempre fui fã do astro da música Elvis Presley. Tenho ainda vários discos, e também na minha lista de músicas no celular. Li várias biografias, e aí é perceptível como o homem Elvis Presley era uma figura atormentada (como a maioria dos grandes nomes da musica da história). Acompanhei também várias fases da vida e da carreira de Priscilla Presley. Desde que conheceu Elvis, com 14 anos, até os dias de hoje , com uma história trágica de família. Priscilla, que estreia nessa quinta nos cinemas, conta a história dela – é baseado em sua autobiografia. Há prós e contras.
O filme mostra o ponto de vista de Priscilla sobre sua vida com Elvis. Após conhecer o astro do rock em uma festa, quando ela ainda era apenas uma adolescente de 14 anos, ela vê sua vida mudar completamente. Os dois vivem um relacionamento à distância (ela morava na Alemanha), até que ele a leva para sua mansão em Memphis. Mas a paixão que, inicialmente, incluía parceria e vulnerabilidade, logo toma um rumo conturbado quando o cantor começa a mostrar um lado diferente e dominador.
O que achei?
É impossível não comparar Priscilla (o filme) com Elvis (o filme), no qual eu votei como melhor filme de 2022. Em Elvis, tudo é grandioso, colorido e solar (até mesmo os momentos difíceis). Em Priscilla, tudo é escuro, nublado, e claramente com problemas de budget. Sofia Coppola dirige o filme como sempre – usando o ponto de vista feminino para mostrar uma mulher presa num destino inesperado. Não há músicas de Elvis. Apesar do envolvimento de Priscilla, a administração do espólio de Elvis foi contra o filme, especialmente a falecida Lisa Marie.
É fácil saber a razão. Elvis é dominador, de um modo que não é tolerado nos dias de hoje. É claro sua determinação de transformar Priscilla em sua bonequinha, em sua criação, que se veste com determinadas cores, ou pinta o cabelo com um determinado tom. E ainda levando a sua entourage de homens – a conhecida “máfia de Memphis” até para escolher os vestidos da mulher.
O filme é claustrofóbico . A diretora faz com que a gente se sinta exatamente como Priscilla , que não podia dar um passo fora do que lhe era determinado. Não é definitivamente um filme fácil, mas tem seus momentos. Muita gente está falando da atuação de Cailee Spaeny como Priscilla. Ela inclusive ganhou o prêmio de atuação no festival de Veneza, e concorre ao Globo de Ouro (que acontece nesse domingo). Acho que está correta, especialmente na passagem dos 14 anos para a de mulher casada e com uma filha. Mas não creio que seja o caso de tantos prêmios.
No final…
Quem mais me surpreendeu na verdade foi Jacob Elordi como Elvis. Ele opta por um caminho totalmente diferente da performance sensacional de Austin Butler. Seu Elvis é bem mais dark, mas extremamente envolvente. Ele mostra diversas nuances de um comportamento tóxico. Mas nunca é tratado como vilão. A própria Sofia Coppola deixou isso claro em suas declarações. “Era importante para Priscilla que fosse a sua história de amor. E que mostrasse Elvis como um ser humano, em vez de um vilão de duas dimensões. Eu queria mostrar o ponto de vista dela, e deixar que o público tirasse suas próprias conclusões sobre este relacionamento”.