Eu tentei ver o primeiro episódio de Glamorous, que está na Netflix, mas achei tudo muito chato. Assim, desisti. Mas o meu amigo José Augusto Paulo resolveu insistir, e acabou gostando da série estrelada por Kim Cattrall (Sex and the City). Então, veja abaixo a crítica dele – já aviso que a série foi cancelada após esta temporada.
Glamorous
Netflix tem promovido bastante esta serie desde o seu lançamento. Mas eu resistia a assisti-la pois no trailer a voz de Miss Benny me parecia um pouquinho ‘enjoada’ como costumávamos dizer. Além do que, eu sabia que havia algo de autobiográfico na história e confesso que não tinha muita intenção de saber mais sobre Miss Benny. Mas um dia decidi que, antes de ser patrulhado como não sendo ‘transgender friendly’ (o que não procede e seria confirmado pelas trans que me conhecem), decidi tentar. Eu já sabia que não seria uma serie tão boa quanto Pose ou tao interessante quanto o documentário Disclosure. E sim, ninguém esperava que Glamorous fosse um novo Paris Burning, mas sabe que no final eu gostei? O primeiro episódio foi o mais difícil de assistir, mas depois até que a serie decolou bem.
No roteiro Marco Mejia (Miss Benny) é filho de uma advogada mãe solteira (a excelente Diana Maria Riva). Ele tem um canal no Youtube sobre maquiagem, além de aspectos de moda, que entendemos ser a razão de sua vida. Por um acidente do destino acaba por trabalhar como assistente de Madolyn Addison (Kim Cattral, que aparece em boa parte das cenas sem maquiagem, o que me pareceu estranho). Ela é uma ex-modelo que criou uma marca de maquiagem (parece familiar?). O diretor de vendas da empresa de Madolyn é seu filho Chad (Zane Phillips, em boa forma física como já estava em Fire Island). Ele fica enciumado da proximidade de Marco com sua mãe. Descobrimos logo no início que a firma tem problemas financeiros e há um esforço em vendê-la para um grupo de investidores representado por a persistente Mykynnleigh (Nicole Power, que me fez rir com gosto).
A opinião
Paralelo às dinâmicas de trabalho, há também o desenvolvimento de relacionamentos de Marco que trazem algumas das questões mais interessantes da série. Há um pouco sobre inexperiência, insegurança, sobre a atração do físico ao invés da personalidade. E ainda os erros e acertos que todos nós poderíamos fazer, mas complicado por Marco ser uma dessas pessoas (como ele diz na série) que atrai a atenção por onde passa. E isso é questionado também, em dado momento pelo próprio Marco, quando a parte dramática da serie fica mais séria.
Há personagens interessantes, questões relevantes, bons momentos de comédia, um elenco que se esforça, uma boa dose de drama. No final, Glamorous acaba por ser menos fútil do que pode parecer no trailer. A série termina com a sensação de que a história continua, mas não sei quão popular se tornou apesar dos esforços da Netflix. Eu assistiria uma segunda temporada, mas isso depois de rejeitar a primeira por várias semanas, portanto… Se tiver chance, tente. Ao menos, irá lhe divertir em um momento ou outro.