Já faz um tempo que todo mundo estava esperando para ver o último filme candidato ao Oscar de melhor filme estrear. E agora Ficção Americana chegou silenciosamente na Prime Video. Sinceramente, parecia até que estavam querendo esconder o filme, rsrs. Coisas do streaming! De qualquer maneira, Ficção Americana tem uma história bem interessante, que vai manter você atento.
O filme é uma adaptação do livro de Percival Everett, Erasure. Aqui, Monk é um escritor preto brilhante, mas seus livros não são populares já que ele se recusa a retratar sua raça de forma estereotipada em seu trabalho. Ele é pressionado por seu editor a criar uma obra comercial e escreve uma história carregada de preconceitos como piada. Só que o livro se torna um best-seller da noite para o dia. Com o dinheiro caindo em sua conta, mas com a consciência pesada, Monk é obrigado a encarnar um personagem do gueto para manter a farsa.
O que achei?
Ficção Americana concorre a cinco Oscars: Filme, Ator (Jeffrey Wright), Ator Coadjuvante (Sterling K. Brown), Roteiro Adaptado e Trilha Sonora. Sua única chance real é na categoria roteiro. Já ganhou o BAFTA, o Critics Choice e o Spirit. Também levou o prêmio do público no Festival de Toronto. Gosto bastante da forma como o roteiro se desenvolve. Especialmente nos momentos mais divertidos, quando Monk não se conforma que todo mundo goste de seu livro, que foi escrito para ser uma piada. É na parte da sátira que as coisas se tornam mais eficientes. Especialmente em como os brancos acham o máximo todos os estereótipos que Monk coloca em seu livro-piada.
E o elenco?
Quase todo o elenco é ótimo. John Ortiz, como o agente (adorei sua comparação do uísque), Tracee Ellis Ross como a irmã (pena que seu papel é pequeno. E especialmente Sterling K. Brown como o irmão. Adoro ver atores saindo de sua zona de conforto e fazendo papéis diferentes de tudo o que nos acostumamos a ver. E aí chegamos ao que vejo como o grande problema do filme, seu ator principal, Jeffrey Wright.
Ele já ganhou prêmios (foi o melhor ator no Spirit Awards), mas , na minha opinião, ele faz tudo sempre igual. É só comparar o Tenente Gordon de Batman, o Bernard de Westworld ou o Felix dos filmes de James Bond. Não consigo vê-lo como bom ator – mesmo que seu estilo se adeque ao personagem. E menos ainda como alguém que concorre ao Oscar quando Leonardo Di Caprio ficou de fora por Assassinos da Lua das Flores. Já o filme, também não estaria na minha lista de melhores do ano. É correto, bem feito, e tem um ótimo roteiro (o que é uma coisa difícil hoje em dia). Só que não seria minha ideia de um indicado ao Oscar.