Sei que muita gente não gosta do gênero terror. Eu adoro! Mas confesso que tem sido difícil assistir as várias tentativas do gênero que tem estreado nos cinemas (praticamente uma por semana). O último filme que me lembro de ter achado realmente eficiente foi A Última Viagem de Deméter (atualmente disponível na Prime Video). Entretanto achei bem interessante o filme que estreia nessa quinta nos cinemas, Entrevista com o Demônio. Achei bem diferente de tudo que anda sendo exibido por aí.
Primeiro a história. Um apresentador de um programa de televisão dos anos 70, Jack Delroy (David Dastmalchian), está tentando recuperar a audiência do seu programa. Ele andou meio por baixo por causa de sua desmotivação com o trabalho após a trágica morte de sua esposa. Desesperado por recuperar o seu sucesso de volta, Jack planeja um especial de Halloween de 1977, prometendo que será inesquecível. Mas, o que era para ser uma noite de diversão, transformou-se em um pesadelo ao vivo. O que ele não imaginava é que estava prestes a desencadear forças malignas que ameaçam a sua vida e a de todos os envolvidos no programa. Especialmente quando ele recebe em seu programa uma parapsicóloga (Laura Gordon) para mostrar o seu mais recente livro que mostra a única jovem sobrevivente de um suicídio em massa dentro de uma igreja satânica , Lilly D’Abo (Ingrid Torelli).
O que achei?
Entrevista com o Demônio foi lançado primeiramente no SXSW Film Festival em 2023. Depois fez todo o circuito de festivais do gênero, com grande sucesso. O que chama a atenção num primeiro momento é a direção de arte, que constrói um set de um programa de entrevistas bem com a cara dos anos 70 (repare nos tons de bege). O formato também é o de TV. É interessante ressaltar a opção do roteiro de apresentar a história como se fosse um documentário ( mas sem esquecer alguns momentos de humor). Já no início ficamos sabendo que tudo faz parte de uma fita do programa achada depois de ter chocado o mundo, rsrs. Há também várias homenagens a filmes da época, entre eles Rede de Intrigas, O Bebê de Rosemary e, claro, O Exorcista.
O filme vai se desenvolvendo num crescendo constante. Você sabe que algo vai acontecer obviamente, mas nunca qual será o momento em que tudo vai começar. E isso é o grande princípio de um bom terror, a expectativa cheia de incerteza. Quando a menina e a parapsicóloga entram no ar, você percebe que dali em diante a coisa vai explodir. Aliás, fica aqui o elogio para a jovem Ingrid Torelli, que faz o papel de Lilly D’Abo ( adorei o nome, rsrs). Ela é assustadora.
O único problema do filme, a meu ver, são os momentos finais. Eles fogem da estrutura original, e se perde ao tentar explicar muito. Creio que teria sido mais eficiente se tivesse terminado alguns minutos antes . No momento em que você assistir, vai entender o que estou falando. Entretanto, é claro que isso não estraga a experiência desse filme tão interessante. É só que ele poderia ser perfeito, mas o final não corresponde.
E ainda…
Como curiosidade, os diretores Colin e Cameron Cairnes fizeram uma brincadeira com o público mostrando o fantasma de Minnie (sem mais detalhes sobre quem é, rsrs) em vários momentos de Entrevista com o Demônio. Só que tudo é muito rápido. É uma daquelas coisas que a gente vai ter que esperar sair no streaming para ver quadro a quadro.