Ele foi um dos homens mais bonitos que já vi. Neste fim de semana, Louis Jourdan, o astro de Gigi, faleceu com 93 anos. Muita gente pode dizer que teve uma vida bem vivida. Mas depois que encontrou o corpo de seu único filho, morto no que a polícia considerou suicídio por overdose de drogas em 1981, ele nunca mais foi o mesmo. No ano passado, sua esposa por quase 70 anos, Quique, faleceu. Finalmente, agora ele conseguiu descansar.
Com certeza, sua história daria um filme. Ele estreou no cinema ainda na França em 1939. Só que na época da guerra, seu pai foi preso pela Gestapo e Louis e seu irmão Pierre trabalharam para a Resistência. Após o final da guerra, foi convidado pelo produtor David O. Selznick para estrelar o filme Agonia de Amor, de Hitchcock, de 1947. A partir daí, construiu uma carreira sólida no cinema americano, repleta de grandes clássicos do cinema.
Um dos maiores de sua filmografia foi Carta de uma Desconhecida, que pouca gente lembra hoje em dia, mas é ainda considerado um exemplo do cinema romântico. Ele é um pianista, que um pouco antes de participar de um duelo, recebe a carta de uma mulher de seu passado. Apesar de não se lembrar dela, o conteúdo da carta faz com que ele reveja o seu destino. Belíssimo, foi o filme que o o transformou em astro. Vale conhecer, vai fazer você chorar!
Ele começou a trabalhar sem parar. Entre os filmes que se tornaram clássicos estão A Fonte dos Desejos, O Cisne, último filme de Grace Kelly e Julie, com Doris Day. Nessa época, ele voltava esporadicamente para a França pra filmar. Foi quando fez Brotinho de outro Mundo (título fofo!), um dos primeiros filmes com uma jovem atriz que se tornaria o maior nome do cinema francês, Brigitte Bardot.
Dois anos depois, fez aquele que é seu papel e filme mais famosos: Gigi. Nele, Jourdan era o milionário Gaston, um playboy (como se dizia na época) que mantém uma relação platônica com a jovem Gigi (Leslie Caron). Gigi é o meu musical favorito da época de ouro do cinema. O filme ganhou todos os 9 Oscars a que foi indicado, inclusive melhor filme. As músicas de Alan Jay Lerner e Frederick Lowe são perfeitas. Especialmente a canção-título, interpretada por Jourdan. Veja o trailer da época do lançamento:
Depois de Gigi, juntamente com o declínio dos estúdios e o fim da época de ouro, a carreira de Jourdan também começou a decair. Claro, ele ainda fez filmes importantes como Can-Can, com Shirley MacLaine, A Vingança de Monte Cristo e Gente Muito Importante com Elizabeth Taylor. Voltou para a Europa para vários filmes e fez ocasionais participações em séries de TV durante os anos 70 (As Panteras, por exemplo).
Seu último papel de destaque no cinema foi como um vilão de James Bond em 1983. Ele foi Kamal, envolvido com roubo de jóias, morte de agentes e com um ataque nuclear em 007 contra Octopussy, um dos filmes mais bem sucedidos da época de Roger Moore como o agente secreto.
Daí até sua aposentadoria em 1992 com O Ano do Cometa, de Peter Weir, não fez mais nada de especial. Pena. Mas o que fica é o reconhecimento de sua inesquecível passagem pelo mundo do entretenimento. Ele tem duas estrelas na Calçada da Fama de Hollywood, uma como ator de TV e outra como astro da música (engraçado que nenhuma pela sua inesquecível carreira cinematográfica). Em 2010, foi premiado com a medalha da Legião da Honra, em Los Angeles. Amigos que ele fez durante tantos anos em Hollywood, como Kirk Douglas e Sidney Poitier, estiveram lá na ocasião para prestigiá-lo. Mais do que merecido!E detalhe, ele continuava lindo!
alfredo sternheim
16 de fevereiro de 2015 às 2:04 pm
Belíssima homenagem. Perfeita na lembrança de seu passado francês na guerra e de fatos de sua vida pessoa que desconhecia, como a morte do filho. Foi realmente um dos atores mais bonitos do cinema. Parabéns , Eliane.
Eliane
16 de fevereiro de 2015 às 2:54 pm
Obrigada, Alfredo! Ele merecia!