A gente já viu essa história diversas vezes. Uma pessoa passa por uma cidadezinha norte-americana, que tem suas próprias leis, e acaba tendo que lutar para recuperar o que é seu. E obviamente o pessoal da cidade não sabe com quem seu meteu. Esse é o princípio de Rebel Ridge, que faz sucesso na Netflix, desde a sua estreia. O filme começa bem, mas “passa um pouco do ponto”, e tem um final corrido e confuso.
Na história, Terry Richmond (Aaron Pierre) é um ex-fuzileiro naval que chega a Shelby Springs com uma missão simples, mas urgente. Ele tem que pagar a fiança do primo e salvá-lo do perigo iminente. Mas depois que as economias de Terry são confiscadas injustamente, ele precisa encarar o delegado Sandy Burnne (Don Johnson) e seus policiais prontos para a agressão. Terry recebe a ajuda inesperada da oficial de justiça Summer McBride (AnnaSophia Robb), e os dois se juntam para decifrar uma conspiração que toma conta da cidade. Correndo cada vez mais riscos, Terry precisa apelar ao seu passado misterioso para libertar a comunidade do domínio da polícia. E ainda fazer justiça para a própria família e proteger Summer.
O que achei?
Esse tipo de história é extremamente popular, e imagino que boa parte das pessoas que vierem a assistir irão gostar. O filme começa muito bem. Tem Don Johnson como um bom vilão. Aaron Pierre, que esteve no filme Tempo, faz um ótimo trabalho de conquistar o público como o protagonista injustiçado. Aaron substituiu John Boyega, que chegou a filmar mais de um mês, para então abandonar o projeto por “problemas familiares”. Creio que o filme ganhou com a troca, Pierre tem grande carisma (será o novo Lanterna Verde em série da DC) e passa um drama interno que creio que Boyega não seria capaz de transmitir.
Toda a primeira metade do filme é sensacional, mas na segunda quando Terry Richmond começa a investigar o que há por trás da história, decai bastante. Especialmente porque 2h11 de duração é tempo demais para esse tipo de filme. Na verdade, o filme recicla o gênero dos anos 80, e lembra bem Rambo: Programado para Matar. Só que Rebel Ridge é um produto politicamente correto dos tempos atuais. Terry Richmond não mata ninguém, usa balas de borracha, e os próprios braços para resolver as situações. Além disso, as duas pessoas que o ajudam são mulheres.
Rebel Ridge funciona até o final, quando tudo se resolve como num passe de mágica. Demora muito para chegar até ali, e então se resolve rápido demais – até os atores parecem surpresos. E até parece que falta uma parte quando os créditos começam a subir. Talvez com um melhor trabalho de edição, o filme ficaria mais eficiente.