Quantas vezes você já não começou uma série, até achou interessante, mas por um ou outro motivo, acabou esquecendo de dar continuidade? Isso já aconteceu comigo várias vezes, rsrs. Uma delas foi com a série espanhola Alto Mar. Ela fez sucesso, teve três temporadas (todas disponíveis na Netflix), e até a participação do brasileiro Marco Pigossi na última. O meu amigo José Augusto Paulo assistiu as três, e escreveu sobre elas. Veja abaixo:
Alto Mar
Produções espanholas têm aparecido muito nos canais de streaming, quase todas boas e algumas com excelente qualidade. Mas o que me motivou a assistir Alto Mar foi que retratava o período após o final da Segunda Guerra em um ambiente (do navio) que parecia bem Art Deco (como a loja de departamentos em Velvet). Não conhecia os atores e li somente um pouco sobre a história que me lembrou Agatha Christie. Duas irmãs descobrem segredos de família perturbadores depois de uma serie de mortes inexplicadas a bordo de um transatlântico em viagem da Espanha para a América do Sul. Poirot não estava a bordo, mas já aviso que o detetive que estava não tinha seu finesse.
Na verdade, a série gera interesse também pelas tramas paralelas. Parecia ser uma viagem de meninas ricas, com destino a um casamento com uma das irmãs, Carolina (Alejandra Onieva), que me pareceu ser ‘a tonta’, está noiva do dono do navio. Há também uma mudança profissional – a outra irmã Eva ( a bela de Botticelli Ivana Baquero, que seria ‘a esperta’, que quer decolar uma carreira de escritora. Os desdobramentos se tornam tão interessantes como os crimes, supostos crimes e perseguições em um ambiente bem fechado (na verdade todo filmado em estúdio e com imagens externas baseadas no Queen Mary original de 1936).
Conhecendo as temporadas
A serie teve três temporadas. Na primeira, o inicio da travessia, há o surgimento dos diversos personagens, os primeiros dados sobre as irmãs, o dono do navio, o comandante e seu primeiro oficial, a cantora de bordo, etc. Já na segunda, após o casamento de Carolina (que quase provoca uma tragédia familiar) temos o resgaste de misteriosos náufragos. Isso sem contar acontecimentos inicialmente inexplicáveis a bordo e com a viagem terminando com a chegada ao Rio. A terceira temporada começa em Buenos Aires, alguns anos depois, de onde o mesmo navio parte com direção ao México com as duas irmãs e vários outros personagens anteriores a bordo.
O que difere as temporadas também são a época de sua filmagem e como isso influencia a história. Por exemplo, a terceira temporada cobre uma epidemia a bordo, pois feita nos tempos pós-COVID. Infelizmente, é a temporada aonde a história se desenvolve menos do que deveria. Chega a parecer que queriam terminar tudo na pressa. Pena porque o ritmo das duas primeiras é bom. As histórias são cativantes, os personagens são fortes e bem estruturados e mesmo os momentos ‘novela’ são bem feitos e sem cair no piegas.
Toca em temas bem atuais como abuso sexual, corrupção, saúde mental, e variados graus de manipulação. A fotografia é bela. É claramente ajudada pelos interiores do navio (bem mais Art Deco do que o próprio Queen Mary seria com cabines imensas que eram raras nos navios da época). Os figurinos são bem escolhidos, tem bastante gente bonita e atuações muito boas.