Há uma tendência dos estúdios de “esconder” alguns filmes da imprensa, e só mostrá-lo para os “influencers”. O objetivo é evitar as críticas da imprensa séria e contar apenas com os “gritinhos felizes” dos influencers. É o que acontece quando nem mesmo o estúdio acredita no filme. Foi o que aconteceu com Armadilha, o ultimo filme de M. NIght Shyamalan, que até veio ao Brasil para lançá-lo (mas só exibiu meia hora na pré-estreia). Sou fã de Shyamalan, mas confesso que fiquei “com bronca” dessa história e nem pensei em ir ver no cinema. Agora que Armadilha estreou no MAX, resolvi assistir. É menos pior do que a estratégia do estúdio me fez pensar, mas mesmo assim tem vários problemas.
Cooper (Josh Hartnett) e sua filha adolescente estão em um show de música pop. Só que logo Cooper percebe a presença excessiva de policiais ao redor e isso o deixa inquieto. Rapidamente, consegue descobrir com a equipe que trabalha no local, que ambos estão no epicentro de uma armadilha montada para capturar um serial killer, o açougueiro. O que deveria ser uma noite de diversão entre pai e filha, se transforma em uma luta desesperada pela sobrevivência. Isso porque a verdade é que Cooper tem um grande segredo, e é o alvo da perseguição.
O que achei?
Já digo que revelar que Cooper é o serial killer não é spoiler. A revelação acontece com cerca de 10 minutos de filme – e está no trailer. O ponto do roteiro, que também é de Shyamalan, não é descobrir quem é o serial killer, mas sim como vai fazer para se livrar da armadilha da polícia. O filme se divide em duas partes, uma que se passa dentro do estádio onde o show acontece, e a outra, fora dele. A primeira parte é infinitamente melhor, apesar de Shyamalan claramente usar o filme para promover a carreira de sua filha, Saleka Shyamalan. Ela faz a cantora, e compôs 14 músicas para o filme (todas totalmente esquecíveis). A parte da música por vezes funciona, outra vezes não, se estendendo mais do que deveria.
Aliás, esse é um problema de Armadilha como um todo, que tem vários “finais”, momentos onde o filme poderia facilmente terminar. Ou seja, ele também se estende mais do que devia – e isso afeta o resultado final. Há pouco suspense real, com a exceção da cena do banheiro na casa. Muitas vezes me lembrou Jogada Final, com Dave Bautista. Mas há fatores positivos. Uma delas é a atuação de Josh Harnett, que sabe nivelar o fofo e louco. A outra é a participação da veterana Hayley Mills (Operação Cupido), como uma especialista em comportamento. Gostei desse resgate de Shyamalan.
No final, o estúdio nem precisava ter escondido o filme. Não é um grande filme, mas também não é tão terrível como vários outros que são exibidos. É só mediano. Ah, e tem uma cena no meio dos créditos bem simpática!