Eu tenho um certo problema em ver histórias com personagens que se auto destroem. A vida é tão curta, e me incomoda acompanhar aqueles que cismam em jogar tudo pela janela. Esse é precisamente o ponto central do filme Queer, que estreia nesta quinta nos cinemas. O filme tem 2h15 de uma história de amor que não leva a lugar algum. Não faz você se envolver com ela, mesmo com todos os esforços de Daniel Craig (que provavelmente será indicado ao Oscar – e já está indicado ao Globo de Ouro). No final, foi cansativo, difícil de aguentar. Nem as cenas calientes entre Daniel e Drew Starkey conseguem envolver com um roteiro que não funciona.
Queer se baseia na obra homônima de William S. Burroughs. A trama segue a vida de Lee (Daniel Craig), um expatriado americano que vive na Cidade do México. Em meio à vida boêmia da cidade ( com muito álcool, drogas, e transas de uma noite só), Lee conhece Allerton (Drew Starkey), um jovem por quem desenvolve uma intensa paixão. Só que a relação dos dois é cheia de idas e vindas, que inclui até uma ida a uma floresta para experimentar uma droga alucinógena.
O que achei?
O filme é extremamente longo. Inclusive toda a parte da floresta e a entrada de Lesley Manville (sempre ótima), que li em algum lugar que não existe no livro. É impossível não morrer de sono e cansaço com a insistência de Luca Guadagnino de esticar ao máximo a história. O filme se divide em três partes: Cidade do México, Floresta Equatoriana e Epílogo. Quando apareceu o anúncio de Epílogo na tela, me bateu o desespero, já que ele ia esticar tudo mais ainda. O personagem de Daniel Craig não inspira a menor empatia, muito menos o de Drew Starkey. Com seus joguinhos de sedução, ele é superficial ao extremo, a audiência não sabe nada dele – muito menos suas motivações.
Tudo na história é jogado e não explicado. Mas há pontos positivos. As cenas quentes são interessantes e sensuais ( se você tem algum problema com cenas de amor gay, nem passe perto do cinema). A fotografia é belíssima. E Daniel Craig, como já disse, está sensacional. É fácil entender o que o atraiu para este personagem. Seria impossível ele encontrar algo tão diametralmente oposto a James Bond. E isso faz um grande bem à sua carreira. Pena que o roteiro e a direção de Queer não ajudaram.