Conclave, que estreia nessa quinta nos cinemas, deve receber no mesmo dia (23) várias indicações ao Oscar. Com certeza filme e ator para Ralph Fiennes. E, na verdade, Conclave merece muitas mais. Já é um sério candidato à minha lista de melhores do ano. Uma mistura de drama e suspense que mantém você atento todo tempo às reviravoltas da história. Vale ver no cinema, com sua fotografia primorosa.
O filme segue a história de um dos eventos mais secretos do mundo: a escolha de um novo Papa. O Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) é o encarregado de executar essa reunião confidencial após a morte inesperada do pontífice. Sem entender o motivo, Lawrence foi escolhido a dedo para conduzir o conclave como última ordem do papa antes de morrer. Assim sendo, os líderes mais poderosos da Igreja Católica vindos do mundo todo se reúnem nos corredores do Vaticano para participar da seleção e deliberar suas opções. Só que cada um com seus próprios interesses. Lawrence, então, acaba no centro de uma conspiração e descobre um segredo do falecido pontífice que pode abalar os próprios alicerces da Igreja. Em jogo, estão não só a fé, mas a própria instituição diante de uma série de reviravoltas que tomam conta dessa assembleia sigilosa.
O que achei?
Robert Harris, o autor do livro em que o filme se baseia, é também um dos roteiristas. E apesar da fantástica direção de Edward Berger (do também ótimo Nada de Novo no Front), o roteiro, e todas as suas reviravoltas, é simplesmente sensacional. Quem poderia imaginar que uma votação para escolher o Papa pudesse ser tão tensa. E os principais jogadores dessa história são ótimos. Stanley Tucci (Bellini) é o cardeal liberal, Sergio Castellitto (Tedesco) é o reacionário. Já John Lithgow (Tremblay) e Lucian Msamati (Adeyemi) escondem vários segredos. E ainda há Carlos Diehz, que faz o Cardeal Benitez, uma figura desconhecida que chega no último minuto. Isso sem contar Isabella Rossellini como a confidente do Papa, a irmã Agnes. Ela talvez também consiga uma indicação como coadjuvante.
Mas o centro de tudo é a atuação de Ralph Fiennes. Ele nunca foi de meus atores preferidos. Aqui ele consegue transmitir todas as possíveis sensações pra o público, seja de choque, tristeza, tentação, e por incrível que pareça, um certo humor. É ele que nos guia pelos corredores misteriosos do palácio ( foi filmado no Palácio real de Caserta – já estive lá e é lindo). E, como nós, a audiência, se surpreende com as possibilidades da ganância pelo poder – ou não. E sua expressão com a reviravolta final é a nossa também. Filmaço!