Eu adoro filmes onde vemos a época áurea do jornalismo. Um época em que existia uma busca pela verdade, uma vontade de informar de maneira séria. E especialmente quando a falta de tecnologia como conhecemos hoje, deixa tudo parecendo (e sendo ) uma grande aventura. Existem vários como Todos os Homens do Presidente, Síndrome da China, The Post, Spotlight, entre tantos. E agora chega aos cinemas Setembro 5, baseado numa história real, e indicado ao Oscar de roteiro deste ano. É sensacional!
O filme se passa no momento do Massacre de Munique, atentado que aconteceu nos Jogos Olímpicos de 1972 na Alemanha. Os acontecimentos são mostrados a partir do ponto de vista da equipe de transmissão da ABC Sports. Na noite de 5 de setembro de 1972, um grupo terrorista chamado Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica e fez 11 atletas da delegação israelense de reféns. Então, os jornalistas esportivos do canal estavam cobrindo o evento. Mas com a situação, tiveram que transformar a abordagem de suas pautas. Começaram então a noticiar ao vivo o que estava acontecendo durante o sequestro que viria a se tornar o maior atentado terrorista a acontecer em um evento esportivo até hoje.
O que achei?
Além de concorrer ao Oscar de roteiro, Setembro 5 foi indicado a melhor filme no Globo de Ouro. Ainda tem indicações ao Critics Choice (montagem e roteiro) e ao Spirit Awards (montagem). Não vai ganhar nenhum provavelmente, mas merecia todos. A gente já viu alguns filmes sobre o massacre de Munique durante as Olimpíadas, como por exemplo Munique, de Steven Spielberg. Mas o interessante aqui é mostrar o ponto de vista da equipe jornalística. É um olhar diferenciado, que , além de mostrar todo o drama de quem assistia o acontecimento, também detalha como era fazer jornalista. Há momentos que a coisa aparece até meio MacGyver, para colocar as imagens ao vivo.
O personagem central do filme não é Peter Sarsgaard, que faz o chefe da equipe. O foco é o produtor Geoffrey Mason (feito por John Magaro, o marido de Vidas Passadas). Mason é o centro da história, tendo que lidar com os desmandos dos chefões, a preocupação de fazer algo errado, e ainda tentar entregar o melhor trabalho possível, já que é sua grande chance. Esse personagem e a interação com seus subordinados (destaque para a tradutora alemã feita por Leonie Benesch, de A Sala dos Professores, que está no MAX) fazem de Setembro 5 um novo clássico do suspense jornalístico.
Tem tudo lá, a fotografia granulada dos anos 70, com diferentes usos para cada situação. E ainda a edição perfeita, o som que muda a cada monitor que mostra os acontecimentos. E ainda todos os detalhes técnicos, como recortar um logo, e filmá-lo em 16 mm para usá-lo numa transmissão. Dá um prazer adicional ver esses detalhes tão fascinantes que mostram um trabalho tão especial. Um filme obrigatório.