Mais um filme de Oscar estreia nos cinemas. Dessa vez é O Brutalista, que concorre a onze estatuetas. Realmente, é um daqueles que a gente chama de “Filme de Oscar”. Grandioso, artístico, contando uma história envolvente, com uma direção diferenciada. E claro, o já famoso fato que o filme tem 3h34 minutos (com um intervalo de 15 minutos no meio). Não achei que isso é um problema – não senti o tempo passar. Mas o filme tem seus probleminhas, claro.
O Brutalista se passa num momento pós Segunda Guerra Mundial, quando o arquiteto visionário húngaro László Toth (Adrien Brody) foge da Europa devastada pela guerra em busca de um novo começo na América. Em sua jornada para reconstruir seu legado, eles se depara com uma oportunidade que pode mudar sua vida para sempre. O industrial rico e carismático Harrison Van Buren (Guy Pearce) oferece a László uma grande oportunidade: a chance de projetar um grandioso monumento modernista em sua propriedade.
Este projeto ambicioso representa o auge da carreira de László, prometendo levá-lo a novas alturas de sucesso e reconhecimento. Além disso, dá a oportunidade que ele consiga trazer para os Estados Unidos a mulher Erzsébet (Felicity Jones) e a sobrinha do casal, Sophia (Raffey Cassidy). No entanto, o caminho para a realização de seus sonhos é repleto de desafios e reveses inesperados, que os levarão a enfrentar tanto triunfos quanto tragédias ao longo de quase três décadas.
O que achei?
É importante ressaltar que esta não é uma história real, apesar de ser contada como se fosse. O personagem de Tothe, entretanto, se baseia na vida de dois arquitetos imigrantes húngaros, Marcel Breuer e Erno Goldfinger. É interessante saber que o filme deveria ter começado as filmagens em 2020 com um elenco totalmente diferente: Joel Edgerton como Toth e Marion Cotillard como Erzsébet. Mas devido aos atrasos provocados pela pandemia, acabou sendo feito com outro elenco.
É claro que o filme é um grande espetáculo. O diretor Brady Corbett (premiado com o Globo de Ouro e o BAFTA) abusa de planos abertos e um estética de fotografia diferenciada. Originalmente o filme foi feito em VistaVision, mas aqui veremos somente no formato normal. Mesmo assim é um espetáculo visual em diversos momentos. O roteiro abrange a ideia do sonho americano, mas que no final tem o seu custo. Também mostra o antissemitismo, e a dificuldade de Toth se encaixar em determinados momentos. O problema é que muitas vezes o roteiro se perde em detalhes, especialmente em demonstrar o desespero e a inadequação que Toth sente. E com isso também o seu mergulho nas drogas. A história fica parecendo então um tanto truncada mesmo com todo o tempo das 3h34 para contá-la habilmente.
E ainda…
É claro que há momentos inesquecíveis. E boa parte deles quando Toth alcança seu objetivo. Mas também há um especialmente violento e brutal numa caverna na Itália (#semspoilers). E claro, muito se deve também à performance visceral de Adrien Brody, por enquanto o franco favorito ao Oscar de melhor ator. Guy Pearce também surpreende como o milionário excêntrico. Os dois foram indicados ao Oscar, e realmente mereceram a indicação. Esse não é o caso de Felicity Jones. Sim, é claro que o personagem lhe dá várias chances (ela só aparece na história com quase duas horas de filme). Entretanto, como sempre, ela não envolve e nem comove. Não é uma atriz que gosto, acho que faz sempre o mesmo papel.
O Brutalista é um filme forte, e deve sair do Oscar com algumas estatuetas na bagagem. Vale ver!
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