45 do segundo tempo é um filme sobre futebol e amizades. Sobre sonhos que foram deixados pelo meio do caminho, sobre o reiniciar sempre. É uma comédia dramática, mas que soou bem deprimente para mim. Entretanto, creio que terá o público que poderá entendê-lo melhor do que eu. Já esteve para estrear várias vezes – foi feito em 2018. Parece que agora vai. Está programado para chegar aos cinemas nessa quinta.
Três amigos se reúnem para recriar uma foto tirada em 1974, durante a inauguração do metrô de São Paulo. Pedro (Tony Ramos) está enfrentando muitos problemas. A perda de sua cachorrinha, o fechamento de seu restaurante, a falta de perspectiva. É nesse momento que ele convida os dois amigos de escola que não via há 40 anos, Ivan (Cássio Gabus Mendes) e Mariano (Ary França) para o seu restaurante. Isso na verdade é um pretexto para avisar os velhos amigos, de uma decisão muito maior. Imersos em crises existenciais, envelhecimento e as consequências dos caminhos (desviados) que cada um tomou ao longo dos anos, Pedro anuncia, para surpresa de todos, que pretende tirar a própria vida. Mas, antes, ele possui um último desejo: não quer partir antes de ver seu time – o Palmeiras – ser campeão.
O que achei do filme?
45 do Segundo Tempo tem a direção de Luiz Villaça. Ele é obviamente um fã de futebol. Me lembro de um especial que passava no Fantástico, se não me engano, que se chamava Copas de Mel. Era muito bom, estrelado pela mulher de Villaça, a sempre ótima Denise Fraga. O diretor também é conhecido por seus filmes que abordam relacionamentos, como o interessante De onde eu te Vejo. Aqui, ele reúne três grandes atores para contar uma história que é triste, mas como na vida, tem seus momentos engraçados e divertidos. Tony Ramos, Cassio Gabus Mendes e Ary França tem idades bem diferentes, rs. Mas são tão bons que você acaba aceitando que eles eram colegas de classe.
O início é todo de Tony, sempre espetacular, quando ficamos sabendo de todos os seus problemas. Depois do encontro, acabamos também sabemos das frustrações dos dois amigos. É o caso do advogado bem de vida, mas infeliz, e o padre que nunca transou na vida. Este último tem os momentos mais engraçados, um prato cheio para Ary França. Quando Pedro comunica que vai se matar, os três resolvem fazer uma viagem ao passado, retornando à cidade onde foram tão felizes – e onde todos eram apaixonados por Soninha (feita na atualidade por Louise Cardoso).
Essa viagem aos “45 do segundo tempo” obviamente vai reaproximar os três, e fazer com que revejam suas atitudes. Isso é bem previsível, mas não incomoda. O que me deprimiu um pouco é essa sensação que todos eles passam ao olhar para trás. E ver que não realizaram nada – ou muito pouco – do que sonharam. Entretanto, isso é algo que pode funcionar para outras pessoas que forem assistir. E ainda, os apaixonados por futebol com certeza irão vibrar com o amor de Pedro por seu time do coração. Vai fazer muita gente se emocionar.