Talvez isso já tenha acontecido com você – acabar vendo um filme que não era o que você pretendia assistir porque errou de cinema. Eu ia assistir a sessão para a imprensa de Hereditário, mas errei de sala e acabei vendo um filme que inicialmente nem pretendia ver, 50 são os novos 30. Foi um erro providencial, porque achei a comédia – romântica francesa que estreou nos cinemas essa semana uma graça, bem diferente da maioria, e ainda assim tremendamente charmosa.
O filme já começa com um belo fado tocando durante os créditos iniciais, o que já demostra que o filme não deverá ser aquilo que num primeiro momento se esperaria de uma comédia. Aliás, toda a trilha sonora é uma delícia! Logo conhecemos Marie Francine, uma mulher de cinquenta anos, que obviamente não se preocupa muito com a aparência. Ela trabalha num laboratório, e no dia de uma festa, o marido vai até lá e diz na cara dela que se apaixonou por uma mulher bem mais jovem e quer a separação. Os franceses devem pensar muito diferente de todo o mundo, porque é ela quem acaba saindo de casa, indo morar num quartinho nos fundos da casa da irmã gêmea por um pouco de tempo até que arrume um apartamento para alugar.
Só que para completar, o laboratório onde ela trabalhava fecha, e Marie se vê desempregada, portanto sem condição de alugar o apartamento. A saída é voltar para a casa dos pais, com direito a todas as confusões que isso possa significar. Mas, por outro lado, ela também acaba conhecendo o cozinheiro Miguel, filho de portugueses, que enfrenta uma situação parecida com a dela, mesmo que nenhum dos dois queira admitir. A partir daí, a comédia romântica se revela , unindo esse casal tão improvável.
O humor francês é bem diferente do americano, de Hollywood. Ele é mais de sorrisos do que propriamente de gargalhadas. Assim, o roteiro aponta não só uma situação difícil de momentos de crise, com também lida com os sentimentos de voltar à estaca zero com pouca paciência para as situações que aparecem quando se tem que recomeçar.
A atriz Valerie Lemercier é conhecida de filmes como Os Visitantes, além de ser a mãe de O Pequeno Nicolau. Aqui, ela faz o papel de Marie-Francine, de sua irmã Marie-Noelle, além de também ser a diretora e co-roteirista do filme. É óbvio que ela tem um ponto de vista feminino sobre os problemas, mas também vê as situações mais improváveis com um humor delicioso, especialmente a lógica dos pais de Marie Francine, feitos pelos ótimos Helene Vincent e Philippe Laudenbach.
Posso até ser suspeita, afinal adoro comédias românticas, com todo aquele jogo de sedução desajeitado, mas fofo, idas e vindas, e principalmente finais felizes. 50 são os novos 30 tem tudo isso, e ainda mais os telhados de Paris cobertos de neve. Se você gosta disso também, é uma boa dica para sua sessão de cinema!