A primeira coisa que você deve saber se tem a intenção de ver o indicado ao Oscar de melhor animação, Anomalisa, que estreou nos cinemas esta semana, é … deixe as crianças em casa. O filme pode ser uma animação com bonecos stopmotion, mas tem uma temática bem adulta com nus frontais, cenas de sexo e um tema adulto: a solidão. Foi indicado a vários prêmios, ganhou outros, sendo o mais importante o Grande Prêmio do Júri do Festival de Veneza.
O filme conta a história de Michael Stone. Marido, pai e respeitado autor de “Como Posso Ajudá-lo a Ajudá-los?”, ele é um homem incomodado com a rotina da sua vida. Durante uma viagem de negócios para Cincinnati, onde está programado para dar uma palestra em uma convenção, ele se surpreende ao descobrir uma possível escapada de seu desespero: Lisa, uma despretensiosa representante de vendas, que parece ser diferente de todos à sua volta.
Anomalisa representa a segunda aventura na direção do premiado roteirista Charlie Kaufman, ao lado de Duke Johnson. Para aqueles que conhecem outros trabalhos de Kaufman, é fácil reconhecer características comuns aqui. Seu protagonista é cheio de dúvidas, frustrado e incomodado com a vida que leva, sem esquecer um toque levemente bizarro. Foi assim em Adaptação e Quero ser John Malkovich (vencedores do BAFTA), e o meu favorito, ganhador do Oscar, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças.
Algumas opções ainda deixam o filme mais estranho e diferenciado, como por exemplo, o fato que todas as vozes, com exceção de Michael e Lisa, são feitas pelo mesmo ator (Tom Noonan), acentuando a solidão do personagem principal e a forma como vê Lisa (voz de Jennifer Jason Leigh, que acerta outra vez, depois de sua incrível atuação em Os 8 odiados). No final, o filme é bem incômodo, mas nem por isso menos importante. É um daqueles que você deve ver para conhecer um momento especial e diferente do cinema.