A gente já viu um monte de filmes sobre a história do Conde Drácula. Desde os melhores, como Drácula de Bram Stoker, até alguns bem esquecíveis, como Billy the Kid vs Drácula, de 1966. Mas, pelo menos que eu me lembre, a viagem de Drácula para Londres num navio nunca teve grande exposição nos filmes. Mesmo no livro de Bram Stoker, a viagem dura apenas um capítulo. Agora, o filme Drácula: A Última Viagem de Demeter, que estreia nessa quinta nos cinemas, pretende suprir essa falha. E o faz muito bem, com um dos filmes de terror mais visualmente interessantes que vi em tempos recentes.
A história acompanha a viagem do navio Deméter, que foi fretado para transportar cargas particulares. Entre elas, várias caixas que assustam vários dos moradores locais. Um jovem médico (Corey Hawkins, de 24 – Legacy), que deseja retornar a Londres a qualquer custo, embarca na viagem de última hora. Só que logo que a jornada começa, estranhos eventos acontecem à tripulação. Estes tentam sobreviver à viagem oceânica, perseguidos todas as noites por uma presença impiedosa a bordo do navio. Quando o Deméter finalmente chega à costa, é apenas um navio carbonizado e abandonado. Não há vestígios da tripulação. Os acontecimentos são contado em flashback tendo como base o diário do capitão (Liam Cunnigham, de Game of Thrones).
O que achei?
É claro que quando a história começa, você já sabe praticamente tudo de como ela vai terminar. Mas o roteiro e a direção de André Øvredal, conseguem manipular a audiência para que isso não seja um problema. E faz isso com muito clima, estilo, e alguns momentos assustadores. Sempre acho que as sombras e a escuridão podem assustar bem mais do que algo muito sanguinolento e nojento. Não que Demeter não tenha essas cenas, mas elas são consequências da ameaça da escuridão.
O jogo de gato e rato entre Drácula e a tripulação do Demeter lembra em alguns momentos o clássico Alien- O 8º Passageiro. Todos se sentem acuados. E o diretor ainda faz escolhas realmente audaciosas sobre como alguns são mortos – muitos bem inesperados (#semspoilers). Há uma tensão constante, e assistir no cinema, na escuridão, ainda deixa a experiência ainda mais imersiva.
Já aviso, entretanto, que quando Drácula aparece, ele está em sua forma mais grotesca e demoníaca. E, como já é moda, o final deixa a porta escancarada para uma sequência. Entretanto, o filme não conquistou o público norte-americano, e foi um grande fracasso por lá. Isso provavelmente é mais um aviso para a Universal que seus mostros clássicos não atraem mais a maioria do público (nem quando tem Tom Cruise, como foi o caso de A Múmia). Uma pena, já que achei que Drácula: A última viagem de Deméter foi um dos filmes de terror mais interessantes que vi nos últimos tempos.