É interessante perceber que alguns dos melhores filmes de grandes diretores mostram a influência do cinema em suas vidas quando crianças. Um de meus preferidos é A era do Rádio, de Woody Allen (disponível no MGM). E no ano passado tivemos o maravilhoso Belfast, de Kenneth Branagh, que ficou entre os meus Top 10 de 2022. Está na Globoplay. E agora, chega nessa quinta aos cinemas Os Fabelmans, de Steven Spielberg, que conta uma história baseada em sua infância e adolescência. É bonito, e ganhou o Globo de Ouro de filme e direção ainda ontem (10).
A história mostra a infância do pequeno Sammy Fabelman que se apaixona por filmes depois que seus pais o levam para ver o filme O Maior Espetáculo da Terra. Já adolescente e morando com os pais no Arizona pós-Segunda Guerra Mundial, Sammy começa a fazer seus próprios filmes em casa, para o deleite de sua mãe solidária. Mas várias mudanças o esperam. Especialmente quando o jovem descobre um segredo de família. É então que ele decide explorar como o poder dos filmes nos ajuda a ver a verdade uns sobre os outros – e sobre nós mesmos.
O que achei?
Segundo Seth Rogen, que está no filme como um amigo da família, Spielberg ficava normalmente emocionado de relembrar passagens que teriam realmente acontecido em sua vida. E o filme toca em pontos importantes e dramáticos. Especialmente as dificuldades da vida em família, sobre como criar os filhos, e como ser um bom filho. Também analisa como pessoas de ciências e pessoas de arte conseguem conviver em harmonia, ou pelo menos tentar. Os Fabelmans acompanha a infância e a adolescência de Sammy e suas irmãs, analisando também o relacionamento de seus pais.
Com duas horas e meia de duração, o roteiro faz com que nos sintamos parte dessa família. Quando ela muda para a Califórnia, esse envolvimento cai um pouco. Especialmente porque se perde muito tempo com o bullying de Sammy na escola. E também com o estado mental de sua mãe. Mas de qualquer maneira, é um filme muito bem feito, com detalhes técnicos perfeitos. Do jeito que Spielberg sabe fazer. E assim , vai fazer você rir e se emocionar.
E, claro há o elenco. Admito que Michelle Williams e Paul Dano não estão entre os atores que me inspiram empatia (e simpatia). Mas é preciso reconhecer que ambos estão excelentes. Ainda há uma participação sensacional de Judd Hirsch como o tio-avô de Sammy que chega para uma visita. O jovem Gabriel LaBelle como o jovem Sammy passa todas as emoções em cada olhar, em cada movimento.
E no final…
Os Fabelmans não chega ao momento da história clássica sobre como Spielberg dirigiu um episódio de Night Gallery, com Joan Crawford, aos 19 anos. Mas substitui isso com um encontro igualmente inesquecível, com uma participação mais do que especial (#semspoilers). A cena em que ele olha em volta e percebe onde está é uma das mais sensacionais do filme. E este termina com uma brincadeira, sobre uma lição aprendida. Vai fazer você sair do cinema com um sorriso no rosto.