Tenho um problema com certo filmes que são pura forma e pouco conteúdo. Do tipo em que o diretor parece estar somente preocupado em mostrar belas cenas, mas que se esquece em desenvolver um história que envolva o espectador. Tenho visto vários exemplos desse tipo em tempos recentes. Mas nunca um tão claro como Vou Nadar até Você, que estreia essa semana nos cinemas. Filmado em 2017, o filme é dirigido pelo fotógrafo Klaus Mitteldorf, e estrelado por Bruna Marquezine.
Ophelia (Bruna Marquezine) é uma jovem de 20 anos que vive com a mãe (Ondina Clais) em Santos e cresceu sem pai. Ela desconfia que ele seja Tedesco (Peter Ketnath), um artista plástico alemão que acaba de retornar ao Brasil. Ele está montando uma exposição em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Decidida a encontrá-lo, ela envia uma carta avisando de sua chegada e que irá até ele nadando, a partir da ponte de São Vicente. Ao saber da chegada iminente, Tedesco, que não sabia de sua existência, pede a Smutter (Fernando Alves Pinto, péssimo), seu grande amigo, que passe a acompanhá-la de perto.
A crítica de Vou Nadar até Você
É óbvio que a primeira pergunta que se faz é por que Ophelia simplesmente não pegou um ônibus para ir até Ubatuba encontrar Tedesco. Mas, tudo bem, pode se partir do princípio que é uma aventura de autoconhecimento. O problema é que todas as reações da garota não tem uma reação compatível com o problema pelo qual passou. Talvez o problema seja da atuação de Bruna Marquezine ou da direção de Klaus Mitteldorf. Aliás, ele, que é um premiado fotógrafo, parece muito mais preocupado em mostrar lindas paisagens, e Bruna com toda a sua beleza (com direito a cenas de nudez). Coisa de fotógrafo , mas não de cineasta.
Com isso, apesar de plasticamente lindo, o filme não tem alma. O roteiro parece refletir um pouco o ponto de vista de Tedesco, que vê o mundo de seu castelo no meio da mata atlântica, mas não se envolve com nada. Infelizmente, a sensação acabou sendo de ver algumas fotos em movimento, e não um filme.
O caso de assédio
Quando o filme foi exibido no festival de Gramado do ano passado, uma situação foi exposta na imprensa. Talita Coling, que atuou em Carcereiros e Verão 90, ambas da Rede Globo, resolveu expor um assédio sexual que sofreu em 2017 por parte do diretor. “…comecei a trabalhar na pós produção desse filme. O assédio aconteceu na produtora dele. Era final de tarde e eu estava quase indo embora já! Ele vivia me elogiando, nas palavras dele eu era muito atrativa por ser menina e ao mesmo tempo mulher. Nesse dia, ele me encurralou, me segurou, tentou me beijar na boca. Fiquei com o rosto todo babado! Fui pra um teste de publicidade depois daquilo tremendo.”
Segundo a atriz, houve um processo contra Klaus. “O valor foi tão vergonhoso. Eu acabei recebendo mais pelas verbas rescisórias porque, infelizmente, não se indeniza assédio nesse país e acaba ficando por isso mesmo. A vítima é sempre questionada e ridicularizada”.
A palavra dos produtores
Os produtores do filme também se posicionaram sobre o assunto em um comunicado para a imprensa. “Os produtores de Vou Nadar Até Você, responsáveis por toda a execução do projeto, não conhecem Talita Coling. Como atriz, não foi convidada a fazer nenhum teste para papel no filme. Também nunca trabalhou na produção, nem está ligada à obra sob qualquer tipo de vínculo ou contrato”
O comunicado de Klaus Mitteldorf
Klaus Mitteldorf também falou sobre o assunto, através de seu advogado, Roberto Soares Garcia. “Klaus Mitteldorf é profissional respeitado e conhecido internacionalmente. Trabalhou com inúmeros profissionais de renome, homens e mulheres que jamais tiveram motivo para reclamar de sua conduta. Talita Colling jamais teve relação com o filme Vou Nadar Até Você e não é verdade que Klaus a tenha assediado. Não é verdade também que Klaus tenha sido condenado em ação proposta por Talita. O que de fato se deu foi que Talita entrou com ação trabalhista, a qual terminou em um acordo entre eles, no valor de R$ 5 mil. Talita não foi forçada a fechar o acordo, mas a ele anuiu livremente”.
Roberto Soares Garcia ainda finalizou. Na verdade, Klaus foi vítima de crimes praticados por Talita, que são apurados pela Polícia Civil de São Paulo desde agosto de 2017 (DIPO 3.1.2, inquérito policial nº 0089724-69.2017.8.26.0050). Nos autos do referido inquérito fica claro que ela, que prestou serviços (não relacionados ao filme) a Klaus por curto período, praticou desvios indevidos e praticou extorsão contra Klaus. Klaus é vítima de condutas criminosa praticadas por Talita, e não o contrário. A irresponsável e indigna propagação de mentiras contra Klaus Mitteldorf será objeto das ações cabíveis”