Fui assistir a sessão para a imprensa de Decisão de Risco sem a menor expectativa. Mas como era o último filme de Alan Rickman, e estrelado por Helen Mirren, sempre iria valer a pena. Só que na verdade, o filme, que estreou nos cinemas esta semana, é muuuuito bom. Tem um suspense ininterrupto, grandes atuações e uma história que tem tudo a ver com os dias de hoje.
Logo no começo do filme ficamos sabendo que a Coronel Katherine Powell (Helen Mirren) finalmente localizou uma cidadã britânica que se tornou terrorista após seis anos de busca, com a ajuda da observação de drones de alta tecnologia do exército dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, ela descobre planos para dois suicídios com bombas, que transformam uma pretendida captura em uma missão para matar.
Mas quando o piloto de drones baseado nos Estados Unidos, Steve Watts (Aaron Paul, de Breaking Bad) se prepara para lançar um poderoso míssil Hellfire ao esconderijo, uma garotinha de nove anos de idade aparece na zona de explosão, criando um debate internacional nos mais altos escalões dos governos americano e britânico sobre o dever de salvar ou não a vida dessa criança em detrimento de centenas que poderão morrer caso os terroristas escapem.
O filme, que teve sua primeira exibição no Festival de Toronto no ano passado, reverteu minha opinião sobre o diretor Gavin Hood, que fez o fraco Ender’s Game – O Jogo do Exterminador e que aqui também aparece como ator (ele é o Coronel americano Ed Walsh). Gavin mantém o suspense a todo o momento, ajudado pelas brilhantes atuações do elenco, especialmente Mirren, num papel originalmente escrito para um homem. O roteiro também leva a audiência de um lado para o outro, com todas as discussões e particularidades de uma decisão que envolve a morte de civis. Obviamente ninguém quer ser o responsável pela possível morte de uma garotinha. Mas, vamos combinar que a probabilidade de um piloto desafiar uma coronel numa missão como essa na vida real é mínima. Especialmente depois que você já viu tantos filmes sobre o treinamento de militares americanos.
De qualquer forma, deixando de lado esse momento de falta de credibilidade, o filme mantém a atenção todo o tempo. Dá também um certo aperto no coração ver um ator tão querido como Alan Rickman em seu último momento como ator no cinema (ele ainda terá sua voz em Alice através do Espelho). Seu último diálogo sobre como o militar vê as “perdas” é brilhante. Vale realmente o valor de um ingresso de cinema.