Quando se fala de filmes de ficção-científica, existem diversas linhas. Há aquelas superproduções explosivas do tipo Independence Day ou Guerra dos Mundos. Há também os clássicos aterrorizantes como Alien e O Enigma de Outro Mundo, e aqueles para toda a família como E.T. e Super 8. E, é claro, tem Star Wars. Só que há também uma outra linha, mais séria, que faz pensar. É o caso por exemplo de Interestelar e Contato, sem esquecer o clássico 2001: Uma Odisséia no Espaço. Esses não são para todos os gostos, nem todos admiram seu ritmo naturalmente mais lento, e também suas resoluções em geral pouco convencionais. Esse também é o caso de A Chegada, que estreou hoje nos cinemas.
O roteiro de A Chegada foi inspirado no conto História da sua vida, do norte-americano Ted Chiang, e fala sobre o momento em que misteriosas naves espaciais em formato de concha aterrissam em todo o mundo. Elas não atacam, simplesmente ficam lá, o que faz com que o Coronel Weber (Forest Whitaker) busque a ajuda de uma equipe de elite para tentar estabelecer algum tipo de comunicação com os extraterrestres. Liderada pela linguista Louise Banks (Amy Adams), eles têm que correr contra o tempo em busca de respostas. Só que as descobertas irão muito mais além do que todos os envolvidos poderiam imaginar.
A Chegada é aquele tipo de filme do qual você não pode desviar a atenção nem por um momento com o risco de perder uma informação que será importante para o seu desfecho. É também um daqueles que os amigos vão sair do cinema e discutir diversas teorias sobre tempo e espaço. Confesso que estava muito curiosa para ver o filme e depois de assisti-lo fiquei um bom tempo pensando como escrever sem entregar um ponto importante, que poderia tirar o fascínio da descoberta. Nessa parábola, o diretor Dennis Vileuneuve fez um filme cujo ponto central é a emoção, a entrega, a vontade de fazer a coisa certa. E para isso, encontrou uma intérprete perfeita em Amy Adams. Seu olhar, sua expressão corporal, fazem que sua interpretação daquela mulher vazia anteriormente, que encontra uma força interior para ir frente, parecer algo fácil de fazer. O que não é verdade. Com seus olhos, ela transmite tudo. Uma grande atriz com um grande papel.
Como eu disse no início, não é um filme para todos os gostos. A fotografia é escura, o roteiro muito maluco (no bom sentido) é para aqueles que tem mente aberta, a música tem momentos que incomoda (positivamente), e o último diálogo com os alienígenas pode se resolver um pouco abruptamente. Mas é um belo filme, e que você com certeza vai se lembrar ainda por muito tempo.