Quando foi exibido no Festival de Veneza, Suspiria, que estreia essa semana nos cinemas, teve aplausos durante oito minutos. Foi uma reação diferente do que havia recebido na manhã daquele mesmo dia, quando foi exibido para a imprensa, onde recebeu várias vaias. Creio que isso ilustra bem o tipo de recepção que o filme vem recebendo no mundo. Muitos adoram (meu caso) e outros detestam.
A história
Suspiria é uma refilmagem do filme do mesmo nome, de 1977, que foi dirigido por Dario Argento. Se tornou cult com o passar dos anos, especialmente devido ao uso das cores. Confesso que só vi algumas cenas, nunca o vi inteiro. Assim, quando fui assistir o novo Suspiria, que tem o subtítulo de A Dança do Medo, não tinha muita expectativa. A história começa com a bailarina Susie Bannion (Johnson) indo para a Europa para se aprofundar em sua arte. Ela faz um teste numa das mais prestigiadas escolas de balé da Europa, que é dirigida pela misteriosa Madame Blanc. No entanto, uma vez lá, a dançarina encontrará segredos obscuros após a ocorrência de uma sequência de assassinatos tenebrosos e macabros. Paralelamente, estes acontecimentos estranhos são investigados por um velho psiquiatra (Lutz Ebersdorf).
A crítica
Como não tive a oportunidade de comparar, posso dizer que embarquei totalmente no clima escuro, e praticamente sem cor da Berlim do passado, dos anos 70. Isso faz com que você se lembra até de alguns filmes de Fassbinder. A direção de Luca Guadagnino (Me Chame pelo seu Nome), que disse que pretendia homenagear o diretor alemão. Essa homenagem é sentida, mas não é gritante, o que para mim é um fator muito positivo.
E a sensação que fica é a de um filme de terror sem a menor pretensão de assustar. Sim , é claro que há momentos chocantes, com corpos quebrados, bruxaria e faces distorcidas. Mas o objetivo aqui parece ser o de estender a sensação de um mistério que envolve o espectador durante seus 152 minutos. Não, não precisa se assustar com o número. Eu pelo menos, não senti o tempo passar, de tão envolvida que estava com esses personagens e essa história.
O elenco
No papel principal, Dakota passa a doçura que lhe é peculiar, o que combina perfeitamente com a personagem. Muita gente fala mal da atriz em geral, mas ela sempre me deixa com uma boa impressão. Ao seu lado está a sempre estanha, mas sempre ótima Tilda Swinton, com quem ela contracenou em Um Mergulho no Passado, do mesmo diretor. Ela faz não só a Madame Blanc, mas também, numa brincadeira interna, o psiquiatra. Criou até uma biografia, e só depois de um bom tempo assumiu que era ela. Se não soubesse, eu não teria reconhecido.
O filme também traz outros nomes conhecidos. Chloe Grace Moretz faz uma participação pequena, mas intensa. Mia Goth, que esteve no pouco visto A Cura, é a amiga de Susie. E, é claro, tem uma aparição especial de Jessica Harper, que foi a estrela do primeiro filme, como a esposa do psiquiatra. Em Suspiria, praticamente todo o elenco é composto de mulheres. Talvez por isso mesmo seja mais indicado para nós. Então, se você gosta de filmes estranhos, com muita clima de suspense, vale conhecer.