Outro dia, após ver praticamente todos os indicados ao Oscar deste ano (falta Entre Mulheres), me perguntei o que havia de errado comigo. Isso porque boa parte deles não me convenceu. Acho que são chatos, esnobes, pedantes. Nunca estariam na minha lista de melhores do ano. Isso inclui Tár, Os Banshees de Inisherim, Tudo em Todo Lugar ao mesmo Tempo, e especialmente Triângulo da Tristeza. Este, que estreia nessa quinta nos cinemas após pré-estreias pagas, é o pior deles, na minha opinião. Foi muito difícil aguentar as 2h20 de duração – especialmente por causa das cenas nojentas de escatologia.
A história começa acompanhando os jovens modelos Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean). Eles tem claros problemas de relacionamento, como se percebe no primeiro terço do filme. Mas embarcam juntos num cruzeiro de luxo. Eles ganharam as passagens para divulgar a viagem. São os únicos não milionários do grupo. O navio é liderado por um alcóolatra capitão comunista (Woody Harrelson). Porém, uma noite de tormenta, faz com que a “noite do capitão” se transforme num inferno. E ainda há o ataque de piratas, que fazem o navio naufragar. Alguns conseguem nadar até uma ilha deserta. A hierarquia dentre o grupo muda completamente quando dentre esse bando de ricaços, a única pessoa que sabe como sobreviver nesse local inóspito é a faxineira filipina – capaz de pescar e fazer uma fogueira.
O que achei?
O filme tem sido muito elogiado pela crítica do mundo inteiro, como uma crítica às divisões de classes sociais. Ganhou a Palma de Ouro, e concorre a três Oscars: filme, direção e roteiro. Eu sinceramente não consigo entender. A primeira parte, que mostra uma noite de discussão por causa da conta de um restaurante, é cansativa e sem sentido. Quando a ação chega em sua segunda parte, que se passa num iate (o Christina O, que pertenceu à família Onassis), parece que vai melhorar um pouco.
Só que logo começa com uma série de situações ridículas – e diálogos idem. É então que a coisa descamba totalmente com muito vômito e diarreia – muito mesmo. Durante a sessão para a imprensa ouvi muita gente morrendo de rir nessa hora. Acho que o meu senso de humor não consegue entender essas situações como engraçadas. Elas só me dão nojo, e me deixam desconfortável. Rir disso me parece coisa de hiena.
Na terceira parte, a situação de classes se reverte com a faxineira (Dolly de Leon) invertendo a situação de poder. E mostrando a cada momento, que quem manda, não importa a classe social, vai sempre agir de maneira errada – e buscar as vantagens para si. E no final – obviamente – a resolução fica em aberto. Ou seja, você acompanhou por duas horas e meia essa história para não ter um final.
Li em algum lugar que o roteiro se inspirou no filme O Mordomo e a Dama, de 1957. Este conta a história de um mordomo inglês que assume o comando do grupo após um naufrágio. Este por sua vez, se baseou numa peça de J.M. Barrie, de 1902. Tudo isso deve ser bem melhor do que Triângulo da Tristeza.
Charlbi Dean
E para deixar a coisa ainda mais triste, a atriz Charlbi Dean (Yaya) morreu pouco depois do lançamento de Triângulo da Tristeza. Apesar da causa da morte não ter sido divulgada, aparentemente ela morreu de uma infecção na garganta. O fato complicador é que ela já tinha perdido seu baço anos antes em um acidente de carro. A jovem tinha apenas 32 anos.