Sou fascinada por histórias que se passam na Irlanda. Já cheguei a ler vários livros sobre o assunto, e muitos filmes também. Por isso, fiquei entusiasmada para conhecer o filme Handsome Devil, após ler a crítica de meu amigo José Augusto Paulo. Valeu a dica, está disponível na Netflix.
Handsome Devil
Eu sempre gostei de peças irlandesas. Por vezes, as assisto sem saber muito sobre a história, simplesmente porque é irlandesa. Não que sejam sempre sobre o mesmo tema, mas porque eu sei que , seja qual for o tema, vai incluir humor (geralmente seco, sarcástico, auto-depreciativo), encrencas (envolvendo um ou até todos os membros do elenco) e sentimentos intensos (os irlandeses não fazem nada a meia medida: ou tudo, ou nada). E assim foi nesse Handsome Devil, filme surpreendente de 2017, que, como nas peças, nos faz pensar.
Dois colegas de quarto do último ano de um colégio interno só para meninos, Ned (Fionn O’Shea, de Normal People – um rosto marcante e interpretação idem) e Conor ( Nicholas Galitzine – The Craft – que é o handsome devil do titulo ) acabam se tornando amigos. Um é um pária social, enquanto que o outro é um jogador de rúgbi famoso no círculo escolar. Com um novo professor de inglês (o sempre bom Andrew Scott – Fleabag e Modern Love) desafiando os alunos a encontrar suas próprias vozes, a amizade dos meninos é testada pelas expectativas obcecadas por rúgbi dos outros. Tudo enquanto tentam atravessar o campo minado da sexualidade, em um ambiente pouco liberal, em uma mistura de música e esportes.
A crítica
Enfim, uma fórmula de misturar opostos que dá certo. Sim, tem ecos de Sociedade dos Poetas Mortos, mas também tem muitas diferenças. E apesar do titulo e de conter temas LGBT, não é um romance gay, mas trata dos temas de forma adulta, clara, objetiva.
Um roteiro inteligente e humano, bem interpretado. Tem uma fotografia um pouco escura que vai bem com os momentos opressivos da trama e uma direção que nos entrega uma história no qual separar atração de amizade parecer ser o principal guia. Uma produção interessante (muito uso de madeira, ambientes com luz limitada, o clima pouco ensolarado da ilha esmeralda) com cenas filmadas em Castleknock College, uma verdadeira escola de rugby na Irlanda, que nutre ideias e inspira.