Durante o último Festival de Cannes, até um determinado momento parecia que o grande vencedor do ano seria o filme francês Retrato de uma Jovem em Chamas. Mas aí apareceu Parasita que acabou levando o prêmio , e vem levando praticamente todos (com razão). Mas Retrato de uma Jovem em Chamas, que estreou hoje (9) nos cinemas, ficou com o prêmio de roteiro. E desde então vem fazendo bonito em várias premiações, sempre chegando entre os finalistas. É o caso do Globo de Ouro, BAFTA, Goya, Spirit, entre outros.
Tudo começa quando Marianne (Noémie Merlant) está dando uma aula de pintura e um dos alunos descobre uma tela antiga de uma jovem cujo vestido está em chamas. É a chave para que Marianne comece a relembrar a história marcante que a fez pintar aquele quadro. Ela chega a uma cidade a beira do mar na França do século XVIII com um objetivo. Marianne na época é uma jovem pintora que recebe a tarefa de pintar um retrato de Héloïse (Adèle Haenel) para seu casamento sem que ela saiba. Quem arquiteta tudo é a mãe de Heloise, feita por Valeria Golino. Passando seus dias observando Héloïse e as noites pintando, Marianne se vê cada vez mais próxima de sua modelo conforme os últimos dias de liberdade dela antes do iminente casamento se veem prestes a acabar.
O que você deve saber…
Algumas coisas que você deve saber antes de ver o filme. É uma história de amor entre duas mulheres. É um pouco erótico, mas não tem cenas muito pesadas. É mais um “filme de clima”. Um daqueles que pode ser denominado de arte, com longos planos só com olhares, sem diálogos, e com pouca música. E tudo acontece de forma bem lenta. Então, se esse não é o seu tipo de filme, já fica aqui o aviso.
Entretanto a fotografia – premiada pelos críticos de Nova York – é um arraso, a forma de contar a história é interessante, e tem uma sequência que se destaca. Nela, várias mulheres entoam um canto ao redor de uma fogueira (é quando Marianne tem a visão da jovem em chamas). Tudo é filmado com visível carinho pela diretora, Celine Sciamma, que foi namorada da atriz que faz Heloise (Adèle Haenel) durante um tempo. É óbvio que o filme é uma declaração de amor de uma para a outra.
Entretanto, o filme, em minha opinião, têm seus probleminhas. Apesar da maioria das críticas ressaltar o erotismo das cenas, eu acho que isso ficou faltando – bastante. Celine também opta por manter a câmera estacionada nos rostos de suas atrizes, o que dá vontade de levantar e perguntar ‘e aí o que acontece depois?’. Rs! Mas creio que tudo faz parte de um estilo. Na verdade, assistir Retrato de uma Jovem em Chamas se parece com aquela sensação que você tem quando está observando um belo quadro. É lindo, maravilhoso, mas falta vida.