Não conhecia a história que é contada em A Garota Dinamarquesa, que estreia hoje nos cinemas, antes de assistir o filme. Já havia visto diversas fotos de Eddie Redmayne vestido e maquiado como mulher. Mas nada havia me preparado para a linda trajetória que o filme conta com tanta sensibilidade e tanto talento. Concorre a 4 Oscars – Ator (Eddie Redmayne), Atriz Coadjuvante (Alicia Vikander), Figurino e Cenografia. Cada uma delas é merecida. Faltou a de melhor filme.
Baseado no livro do mesmo nome, disponível no Brasil, conta a história de um casal Einar e Gerda Wegener (Eddie e Alicia). Os dois são artistas, ele bem-sucedido, ela ainda não. Mas são felizes, obviamente apaixonados. Só que um belo dia, uma amiga (Amber Heard) não pode aparecer para posar para Gerda e ela pede ao marido que coloque os sapatos e o vestido para ajudá-la a adiantar o trabalho. É aí que você percebe pela sutil interpretação de Eddie Redmayne, o começo de uma jornada de descobrimento de sua nova identidade, Lili.
Cada vez mais durante a história fica claro o amor que existe entre o casal e o sofrimento que a transformação gradual de Einar em Lili provoca em ambos. Especialmente o afastamento natural como marido e mulher, e a incompreensão da maioria daqueles que está do lado de fora. O fato que o filme é baseado num fato real e que ainda hoje a história pode provocar algum tipo de preconceito o torna ainda mais triste e chocante.
Um ponto interessante é que, apesar de contar a história de Lili, a plateia vai se identificar muito com Gerda. E é aí que cada vez menos entendo os conceitos das associações que representam as grandes premiações e que colocaram Alicia Vikander como coadjuvante. Só pode ter sido para ter mais chances de ganhar. É claro que ela está ótima, e tem várias chances para mostrar seu talento. Mas o ponto é que ela é a atriz principal, em pé de igualdade com Eddie Redmayne.
Este, que já havia me conquistado no ano passado em A Teoria de Tudo, onde também é possível acompanhar mudanças sutis em sua linguagem corporal, até nos menores gestos, aqui ele se supera. Sua transformação de Einar em Lili é simplesmente brilhante, de uma delicadeza ímpar, sem cair no exagero em momento algum.
E, além de tudo isso, também tem Matthias Schoenaerts como Hans, uma figura (maravilhosa) do passado de Einar, que ao conhecer Gerda e a história dos dois, se torna um ponto de apoio para ambos. Tão másculo, tão apaixonante. Lili, Gerda e o público logo começam a suspirar por ele. Eta, ator interessante!
Depois de conhecer A Garota Dinamarquesa posso dizer que foi o filme que mais gostei, que mais me emocionou, entre os indicados ao Oscar. Sua ausência da lista a melhor filme é, para mim, inexplicável.