O título brasileiro pode ser um pouco surreal. Afinal, Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo é um exagero. Trata-se de uma história conhecida do povo americano mas, no geral, não “chocou o mundo”. Tirando esse detalhe, o que acontece no filme, que estreia este fim de semana nos cinemas, é realmente difícil de acreditar. Mas a Academia aparentemente gostou. Apesar de não ter sido indicado ao Oscar de melhor filme, está na lista de ator (Steve Carell), coadjuvante (Mark Ruffalo), diretor (Bennett Miller, que levou o prêmio em Cannes), roteiro original e maquiagem/cabelo.
“A história que chocou o mundo” é a do envolvimento do milionário John DuPont (Carell) com os irmãos Dave e Mark Schultz, campeões olímpicos de luta greco-romana. Mark Schultz (Channing Tatum) sempre treinou com seu irmão mais velho, David (Mark Ruffalo), que é também uma lenda no esporte. Um dia, recebe um convite para visitar o milionário John du Pont em sua mansão. Apaixonado pelo esporte, du Pont oferece a Mark que entre em sua própria equipe, a Foxcatcher, onde teria todas as condições necessárias para se aprimorar. Atraído pelo salário e pelas condições de vida oferecidas, Mark aceita a proposta e se muda para uma casa na propriedade do milionário. Aos poucos eles se tornam amigos (e dependentes um do outro), mas a difícil personalidade de Du Pont faz com que essa história acabe terminando em uma tragédia.
Todos do elenco estão bem. Mas é claro que a maior visibilidade foi para Steve Carell, num papel muito diferente daqueles que fizeram sua fama de comediante. Ele obviamente tem uma boa a atuação, mas há momentos em que fica a dúvida se a maquiagem atrapalha ou faz a maior parte do trabalho. É surpreendente também a atuação de Channing Tatum como Mark Schultz. Mais uma vez ele mostra que não é somente um rostinho (e corpo) bonito. Mas quem mais me surpreendeu foi Mark Ruffalo que a cada trabalho (penso em The Normal Heart também) vem se superando como ator.
No final, mesmo com todas as indicações e outros prêmios, o filme acaba sendo um pouco incômodo, por todas as situações que mostra. Também não dá muitas respostas sobre o envolvimento/ dependência de Schultz e DuPont. Mas é um daqueles filmes obrigatórios, até para conhecer uma história que pode não ter “chocado o mundo”, mas é bem chocante.
Eliane Munhoz