No meio do ano, o Festival de Cannes estava cheio de amor com o cinema brasileiro. Teve prêmio para Bacurau, e também o prêmio especial da mostra Um Certo Olhar para A Vida Invisível. Este último ganhou ainda outros prêmios internacionais, até ser lançado nos cinemas aqui do Brasil esta semana. A Vida Invisível, dirigido por Karim Ainouz, é ainda o filme indicado pelo Brasil para concorrer ao Oscar de Filme Estrangeiro na cerimônia de 2020. Ou seja, tem que ver, né?
A história
Baseado no livro e Martha Batalha, o filme conta a história de Guida e Eurídice, duas irmãs que vivem no Rio de Janeiro dos anos 50. Pela situação vigente na época, as duas são cruelmente separadas, impedidas de viverem juntas os sonhos que alimentaram ainda adolescentes. E separadas estas duas mulheres tem que lutar contra as forças sociais que insistem em frustrá-las. Invisíveis em uma sociedade paternalista e conservadora, elas se desdobram para tentar atingir seus sonhos.
A crítica
O filme retrata belamente uma época em que as mulheres tinham mínimas escolhas além de casar e ter filhos. Mostra uma sociedade em que “um passo em falso” poderia custar toda uma vida. O filme mantém uma onda de melancolia, belamente filmada, que sufoca as duas irmãs depois de uma separação de cortar o coração. Ao som de uma irretocável trilha sonora, ele atravessa décadas dessa história, bem no estilo dos grandes melodramas, um gênero pouco abordado no cinema brasileiro atualmente. E que eu adoro!
Com duas horas e vinte minutos, é claro que a história tem um barriguinha no meio. Mas também nunca é preciso dizer que você acompanha o tempo todo querendo saber como será o encontro das duas irmãs. As mulheres são forças da natureza, não só Guida e Eurídice, mas também Filomena, que ajuda Guida no momento que ela mais precisa. “Ela é minha mãe, meu pai e minha irmã” diz Guida numa das várias cartas que pontuam a passagem do tempo, e os sentimentos dela.
O elenco
Com isso, você tem três atrizes pouco conhecidas em estado de graça. Carol Duarte (Eurídice), Julia Stockler (Guida) e Bárbara Santos (Filomena) passam pelas várias fases da história passando para o público todos os sentimentos confusos dessas mulheres que viveram num período tão difícil. O filme, tem ainda uma participação definitiva de Fernanda Montenegro, como a Eurídice velha. Por mais que o filme tenha tido uma caidinha no ritmo, quando Fernanda aparece ele tem um último ato triunfal.
E depois de A Vida Invisível …
Minha sugestão é que você leve sua mãe, ou sua avó, para assistir A Vida Invisível. E depois saia pra bater papo. Com certeza, as conversas pós-filme sobre esse tempo que felizmente passou serão muito interessantes.
Fotos de divulgação