Quem já viu Hereditário (Netflix/HBO Max) e Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (Globoplay), sabe que o diretor Ari Aster tem um estilo todo especial. Ele gosta de chocar. E isso pode funcionar muito bem – no caso de Midsommar – ou nem tanto, como no caso de Hereditário. Ari é responsável também pelo filme que estreia nessa quinta nos cinemas, Beau tem medo, com Joaquin Phoenix. É visualmente interessante, mas se perde totalmente em suas três horas intermináveis de duração.
Ele se passa em um presente alternativo, quase distópico. Beau Wassermann (Joaquin Phoenix) é um homem extremamente tenso e paranoico Ele tem uma relação turbulenta com a mãe dominadora, Mona (Patti LuPone), e nunca conheceu o pai. Tanto que fica desesperado quando tem que viajar para ver a mãe. Só que ele recebe a notícia de que Mona morreu. Então, Beau inicia uma jornada até sua antiga casa para o funeral. Só que a viagem acaba sendo dificultada por uma série de acontecimentos imprevisíveis que parecem tentar desviá-lo de sua jornada a qualquer custo. Agora, ele deve enfrentar seus piores – e mais absurdos – medos se quiser chegar ao seu destino.
O início é bem interessante, com Beau vivendo numa vizinhança onde um cadáver permanece na rua por dias, e onde há ameaças em cada esquina. Depois quando ele começa a sua jornada, há momentos bons, mas também alguns totalmente desnecessários. Há toda uma sequência onde Beau imagina como sua vida poderia ter sido diferente. Do ponto de vista técnico é sensacional, misturando inclusive animação na história. Mas do ponto de vista da audiência é tremendamente cansativo – até porque tem uma narração que usa um único tom.
A sensação que tive na verdade – e que me irrita – é que o diretor estava tão embevecido com sua própria criação que esqueceu de contar uma história para o público. Aliás, é difícil saber quem e quantas pessoas os produtores acharam que iriam atingir. Esse é o filme mais caro já produzido pela A24, conhecida por suas produções cult. Mas creio que vai ser meio difícil recuperar o investimento.
Mas é claro, há bons momentos, e uma atuação sensacional de Joaquin Phoenix. Ele é sempre ótimo, mas aqui faz uma descida aos infernos, e retorna com alguma piadinha, rsrs. Maravilhoso! Também há uma participação da maravilhosa Patti LuPone como a mãe. Mas, o filme… Talvez funcione para quem sofre de ansiedade, que pode enxergar alguns pontos em comum. Para mim, ficou a sensação extremamente cansativa de ter acompanhado um ataque de pânico de três horas. Ufa!