Em uma semana de estreias decepcionantes no cinema como A Freira e Kin, Marvin, um filme francês com cara de cult, não fugiu à regra. Ele começa bem, tem participação da estrela Isabelle Huppert (os fãs me desculpem, mas acho que ela faz tudo sempre igual), além de uma diretora admirada, Anne Fontaine. Mas no final, fica algo assim meio muçarela/ meio calabresa, nem lá, nem cá.
Martin Clement, nascido Marvin Bijou, teve uma infância difícil. Na sua cidade, numa pequena aldeia no campo, ele convivia com a tirania de seu pai e a renúncia de sua mãe. Sofreu com a rejeição e com o bullying na escola por ser apontado como `diferente´. Contra todas as probabilidades, ele encontrou uma aliada em Madeleine Clement, a diretora do ensino médio que o apresentou ao teatro e cujo nome ele adotará mais tarde como símbolo de sua salvação. Já adulto, longe de sua cidade e da família, ele conheceu Abel Pinto, seu mentor e modelo, que irá encorajá-lo a contar sua história no palco. E ainda teve a sorte de cruzar com Isabelle Huppert ( fazendo o seu próprio papel), que irá ajudá-lo a produzir sua peça e trazê-lo para a vida.
A parte da infância é bonita e sofrida, mostrando bem a dificuldade de “ser diferente “. Inclusive as cenas de bullying na escola são cruas e difíceis de ver. Mas o olhar do menino é lindo, com destaque para o trabalho do jovem ator Jules Porier.
Já na parte adulta, o personagem é vivido pelo ator inglês Finnegan Oldfield, e é menos bem sucedido. Não que ele seja ruim, mas as situações contemplativas, que funcionavam tão bem na infância , ficam maçantes quando adulto. Além disso, o filme sofre de um problema até comum no cinema de arte, os vários finais . Em Marvin há pelo menos três, ou seja, três momentos em que parece que o filme iria acabar, mas ele continua em frente. No final, foi um tanto frustrante e cansativo. E para preparar que for assistir o filme tem cenas fortes, inclusive de sexo gay.