As histórias de amor que mais me comovem são aquelas que partem do princípio do “E se”. Esse nome me veio depois de assistir Cartas para Julieta, onde Vanessa Redgrave tem um linda fala sobre o assunto. É quando duas pessoas que tiveram uma relação de amor no passado, e por algum motivo se separaram. Quando se reencontram, fica sempre aquela sensação do “E se”. E se as coisas, as reações, as atitudes tivessem sido diferentes? E aquele amor tivesse tomado um outro rumo? Quem nunca passou por isso? Este é o princípio de Vidas Passadas, coprodução EUA/Coreia, que estreia nos cinemas nessa quinta. O filme foi indicado a dois Oscars (filme e roteiro). Eu gostei.
No filme, Nora (Moon Seung-ah) é uma pré-adolescente na Coreia, descobrindo o amor com seu melhor amigo, Hae Sung (Leem Seung-min). Porém, eles se separam quando a família dela se muda para Toronto. Alguns anos depois, Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo) retomam a amizade pela internet. E só décadas depois, que se reencontrarão em Nova York, onde ela é uma dramaturga casada com um escritor, Arthur (John Magaro).
O que achei?
O filme fez sua estreia no Festival de Sundance, depois esteve na mostra competitiva do Festival de Berlim. Depois foi o grande destaque no Gotham Awards, onde recebeu o prêmio Melhor Filme independente. Além das indicações ao Oscar, Vidas Passadas também tem indicações ao BAFTA. Todas merecidas. Isso porque o filme envolve você completamente nessa história desse grande amor que começou quando os dois ainda eram crianças. E a cada reencontro é possível ver que o sentimento ainda está ali. Entretanto, os caminhos da vida de ambos não poderiam estar mais distantes.
O filme começa com os três num bar , enquanto vozes de gente que está por ali tentam descobrir o que une aqueles três. A partir daí conhecemos a história dos dois, até o momento em que a narrativa se encontra com aquela cena inicial. O interessante é que você se vê torcendo por esses dois a cada fase do filme – mesmo que o marido de Nora seja um fofo, e mais compreensivo, impossível. A situação é que por mais deslocado que Hae Sung esteja na cosmopolita Nova York, ele é o herói romântico, aquele que nunca esqueceu de seus grande amor da infância. E por outro lado, Nora tenta manter a frieza de alguém que tem uma vida satisfatória. Junto aos dois, o marido de Nora, que percebe claramente os sentimentos dos dois.
E ainda…
Um charme a mais na história acontece quando Nora explica o conceito coreano de “in-yun”. Trata-se de uma situação cármica que reúne pessoas que foram amantes em vidas passadas. Mostra como Nora e Hae Sung tem isso, e como isso pode ser resgatado por suas memórias – e pelas redes sociais. Vidas Passadas termina de uma maneira que vai deixar você com um nó na garganta, querendo mais da história desses dois. Será impossível não se emocionar com essa linda história de amor.