É provável que o francês Claude Lelouch seja o mais romântico de todos o diretores de cinema. E aos 83 anos, continua firme e forte, filmando como nunca. Seu primeiro grande sucesso chegou em 1966, com Um Homem, uma Mulher. Quem conhece os clássicos do cinema francês sabe como o filme é inesquecível – especialmente com a trilha sonora de Francis Lai. Estrelado por Jean-Louis Trintignant e Anouk Aimée, contava a história de uma casal viúvo, que se apaixona. Mas a situação de ambos prova ser algo difícil de superar. Um Homem, uma Mulher ganhou o prêmio em Cannes, e o Oscar de filme estrangeiro, entre outros prêmios. Infelizmente, não está disponível atualmente no streaming.
Mais de 50 anos depois, Lelouch reuniu seus atores incríveis para retomar a história desse homem e dessa mulher. Os Melhores Anos de uma Vida estreou essa semana nos cinemas. Foi inclusive escolhido para a reabertura do tradicional cinema Petra Belas Artes, em São Paulo.
A história
Anne e Jean-Louis se conheceram há muito tempo. Um homem e uma mulher, cujo romance deslumbrante e inesperado, revolucionou a compreensão do amor. Hoje, o ex-piloto de corridas parece perdido nos caminhos de sua memória. Para ajudá-lo, seu filho procura a mulher que seu pai não foi capaz de manter, mas sobre quem ele fala constantemente. Anne, então, se reúne com Jean-Louis. E sua história começa onde eles terminaram…
A crítica
Em 1986, Lelouch já tinha se reunido com Anouk e Jean-Louis para uma sequência do filme clássico. Mas Um Homem, uma Mulher: Vinte Anos Depois não funcionou. Tanto que aquela parte da história praticamente nem é mencionada aqui. Os Melhores Anos de uma Vida foi rodado em apenas 13 dias. É um claro ato de amor, tanto ao primeiro filme, quanto aos seus atores. Jean-Louis Trintignant saiu de sua aposentadoria. É claro seu amor pelo personagem. Anouk continua bela e interessante. A química entre os dois continua lá. Os atores que fizeram seus filhos em Um Homem, uma Mulher, Antoine Sire e Souad Amidou, voltam a fazer Antoine e Françoise. Ah, e sem esquecer uma participação surpreendente de Monica Belucci. O filme teve sua pré-estreia mundial no Festival de Cannes, antes da pandemia.
Não há nada que me emocione mais em histórias do que caminhos não percorridos. Ou seja, romances que poderiam ter acontecido, e por uma razão ou outra, não deram certo. O reencontro de Anne e Jean-Louis é uma dessas situações que dão um aperto na garganta. Ele está perdendo a memória, mas se lembra de tudo que diz respeito ao amor dos dois. Ela, com uma doçura surpreendente, o guia através das lembranças.
Claude Lelouch proporciona essa volta no tempo para todos os fãs de Um Homem, uma Mulher. Revisita locais – a praia em Deauville, o quarto de hotel. Traz várias cenas do primeiro filme , e as mistura com os momentos atuais. Há uma sequência onde o carro passa pelas ruas de Paris de madrugada que é um primor. Mas nada se compara ao primeiro momento em que a música clássica de Francis Lai toca novamente. É impossível não sorrir, e acompanhar, badabadaba, badabadaba…
Como filme, para quem não conhece a história, Os Melhores Anos de uma Vida pode parecer um pouco confuso. Ou talvez não aproveite tudo o que ele tem a oferecer. Mas para aqueles que acompanham esse romance de Claude Lelouch há tanto tempo, é um deslumbre!