Muita gente deve se lembrar de Círculo de Fogo, filme de 2013, dirigido por Guillermo Del Toro, e estrelado por Charlie Hunnam e Idris Elba, sobre uma invasão alienígena (sim, mais um). Eu sempre achei o filme fraco, com certeza o mais fraco da carreira de Del Toro como diretor. Mas o filme fez mais de 400 milhões de dólares de bilheteria no mundo, e a perspectiva de ter uma nova franquia, no estilo de Transformers, com certeza fez os olhos dos executivos do estúdio brilharem. Portanto, a sequência, Círculo de Fogo: A Revolta, estreia amanhã nos cinemas. Mas, sem querer soar preconceituosa, o filme é muito bom para meninos de 10 anos, que vivem para os jogos de celular. Para os demais, é bem cheio de clichês, e pode bem ser um pouco cansativo…
Mais de 10 anos se passaram, o mundo está livre da ameaça dos Konjui – os extraterrestres do primeiro filme – e nem Charlie Hunnam, nem Idris Elba, nem Guillermo Del Toro estão de volta (Guillermo só como produtor e consultor). Agora Steven D. Knight, conhecido por séries como Demolidor e Spartacus, é o encarregado da direção, com John Boyega, de Star Wars, como o ator principal (e produtor executivo). Ele é o filho de Stacker Pentecost (Idris Elba no primeiro filme), responsável pelo comando da rebelião Jaeger. Jake Pendergast era um promissor piloto do programa de defesa, só que ele abandonou o treinamento e entrou no mundo do crime. Quando uma nova ameaça aparece, Mako Mori (Rinko Kikuchi) assume o lugar que era do pai no comando do grupo Jaeger, e precisa reunir uma série de pilotos. Ela procura o irmão Jake e decide lhe oferecer uma segunda chance para ajudar no combate e provar seu valor.
Além de Rinko Kikuchi, também retornam outros veteranos do filme original: Burn Gorman, como o dedicado Dr. Gottlieb, e Charlie Day, como Dr. Newton Geiszler. Ambos estão em posições bem diferentes daquela que estavam antes.
O que era interessante no primeiro filme, o apuro visual de Del Toro, e os personagens um tanto estranhos, mas extremamente bem delineados, não existem aqui. O roteiro do filme o transformou em um mix de várias franquias que você já conhece: além da óbvia Transformers, tem também Ases Indomáveis, Godzilla e Independence Day. Obviamente tem boas cenas de ação, mas isso Hollywood faz com o pé nas costas hoje em dia. O problema acaba sempre chegando com o roteiro.
É claro que John Boyega tem carisma como o personagem principal, mas dá saudade de um personagem com um ator como Idris Elba. O filme ainda tem Scott Eastwood, como o melhor amigo/rival, que está bem longe de ter o talento de seu pai, Clint. O filme também tem sua porção Teen Titans, com os cadetes canastrões, cujos persoangens tem a profundidade de um poça d’água – quem é essa Ivanna Sakhno, que parece que incorporou a canastrice de Brigitte Nielsen em Rocky 3? Quem se salva ainda é a quase estreante Cailee Spaeny, como a cadete Amara, que pelo menos parece ter alguma vida natural dentro dela.
O filme com certeza será um sucesso de bilheteria – o final já deixa escancarada uma porta para a sequência. Fala-se até que será o filme que conseguirá finalmente tirar o primeiro lugar das bilheterias americanas de Pantera Negra – no Brasil o posto ficou com o novo Tomb Raider. Pode ser, mas achei que ele é tão mais do mesmo…