Uma coisa que me fascina no cinema é que ele nunca deixa de me surpreender. Você pode até achar que conhece tudo, e aí vem um lançamento para “quebrar as suas pernas”. Quando recebei o convite para a sessão para a imprensa de Ana e Vitoria, que estreia essa semana nos cinemas, achei que não valia a pena ir. Deveria ser uma história boba, com essas meninas desconhecidas (sim, tenho um lado meio ignorante no que diz respeito à música). Mas fui graças à insistência de meu amigo Leo, o assessor de imprensa do filme. E que boa surpresa! E que tontice a minha de quase perder essa história bonita e bem contada.
Ela é baseada em fatos reais e acompanha dois anos na história das meninas Ana Caetano e Vitória Falcão. Desde o momento de sua primeira conversa em uma festa, passando por quando decidem cantar juntas, até a sua consagração no mercado de música pop nacional. Mas a história é muito mais que a busca pelo sucesso. Ela ainda aborda as crises e encantamentos, e também os relacionamentos amorosos sob a ótica dos pós-adolescentes.
Depois de ver o filme, fui pesquisar mais sobre as meninas. Depois de uma campanha de crowdfunding, elas começaram a gravar o seu álbum de estreia, que foi lançado em agosto de 2016 e intitulado também Anavitória. Por esse trabalho, a dupla foi indicada a duas categorias no Grammy Latino, e acabaram ganhando o de em Melhor Canção em Língua Portuguesa pela canção Trevo (Tu).
As duas são ótimas, óbvios talentos. Todos os diálogos soam tão naturais, que parece que você está ouvindo a conversa de duas garotas na sala do lado. Essa naturalidade também está implícita em todas as escolhas que as garotas fazem, desde sexualidade, namoro, amor, escolha de vida, música. Acho que isso foi o que me fascinou nesse filme. Geralmente, nos filmes brasileiros parece que todo mundo está declamando, tudo é muito artificial. Aqui, os diálogos são deliciosos, obviamente escritos, ou pelo menos revistos, por gente da idade das meninas. E não é diferente com as atitudes das meninas. Não há preconceitos nessa história.
Pode ser que, por causa disso, e se souberem mais sobre a história, muitos pais não vão gostar que suas filhas/filhos vaõ ao cinema para assistir Ana e Vitória. Mas, se forem, boa parte deles/delas com certeza vai gostar bastante.