Já aviso desde já uma coisa. Herança de Sangue, o filme estrelado por Mel Gibson que estreia esta semana nos cinemas, não é lá essas coisas. Segue por caminhos que já vimos Liam Neeson percorrer (muitas vezes) em Busca Implacável, o pai com um passado misterioso, que faz de tudo para salvar a filha dos homens maus. Mas ver Mel como ator novamente em plena forma,mas super envelhecido, naquelas situações onde ele fica pronto a explodir a qualquer momento, é sempre um prazer. E vale a pena!
Aqui ele é um ex-detento violento chamado Link, que tenta viver uma vida tranquila como um tatuador, e frequentando as reuniões do AA, até que acaba envolvido numa situação com uma gangue bem violenta para proteger sua filha (Erin Moriaty, vista recentemente em Jessica Jones). Depois de muitos anos desaparecida, ela reaparece em sua vida. Juntos, os dois tem que fugir pelo deserto da Califórnia, passando pelos locais mais improváveis, para conseguir sobreviver enquanto Link tenta permanecer sóbrio.
O filme lembra os faroestes de Sergio Leone a cada momento, e ainda homenageia Mad Max, talvez por isso tenha sido escolhido para participar do festival de Cannes. Com coadjuvantes muito bons (Erin Moriarty se destaca) como William H.Macy e Diego Luna, o filme pertence a Mel. Depois de um período bem por baixo depois dos xingamentos a policiais, à comunidade judaica e à ex-mulher russa, Mel ensaia agora seu retorno. Talvez nem todos se lembrem o tempo que ele era um dos atores mais poderosos de Hollywood. Mas, com este filme, e principalmente com sua volta à direção com Hacksaw Ridge, exibido no Festival de Veneza e extremamente elogiado (aplaudido de pé por 10 minutos), Mel parece estar bem encaminhado para um grande retorno.
Eu digo que adorei ver esse genial, envelhecido e brilhante profissional de cinema de volta à ação. A intensidade que ele imprime ao personagem é bem-vinda. E por mais que não goste de tudo que ele fez na vida real, Herança de Sangue faz com que você torça que ele volte aos bons tempos. O cinema agradece.