Hoje foi um dia difícil para o cinema. Primeiro perdemos Jeanne Moreau, musa do cinema francês de todas as épocas. Depois chegou a notícia da morte de Sam Shepard, que na verdade ocorreu na última quinta-feira. Apesar da maioria dos cinéfilos amar Jeanne Moreau, devo dizer que a morte de Sam me emocionou mais. Talvez porque desde menina acompanhava sua carreira, e ainda outro dia o vi na ótima série da Netflix, Bloodline. vencedor de vários prêmios, inclusive o Pulitzer, para Buried Child, que foi novamente encenada na Broadway em 2016 com Taissa Farmiga e Ed Harris. E Sam era assim, multitalentoso, foi premiado com dramaturgo, como ator – foi indicado ao Oscar por Os Eleitos – , e chegou até a compor uma música com Bob Dylan. Dirigiu dois filmes, um deles estrelado por sua companheira na época, Jessica Lange, A Casa de Kate é um Caso.
Aliás, a história de amor de Jessica e Sam é especial. Os dois se conheceram quando fizeram juntos o filme Frances, em 1982, para mim até hoje a melhor interpretação feminina que já vi até hoje. Um triunfo de Jessica. É fácil ver a química entre os dois transparecendo na tela – essas coisas são difíceis de esconder. Veja só a foto:
Sam ainda era casado na época. Mas logo se separou e o relacionamento durou 25 anos. Eles se separaram em 2009. Os dois nunca se casaram e tiveram dois filhos, Hannah Jane Shepard, hoje com 31 anos, e Samuel Walker Shepard, 30. Também fizeram muitos outros filmes juntos. Além de Frances, houve Crimes do Coração, Minha Terra, Minha Vida e Estrela Solitária.
Mesmo depois do casamento sempre tempestuoso, os dois continuaram visivelmente amigos. Em uma entrevista para o the Guardian, depois de sua separação, Sam falou sobre Jessica, “eu nunca conheci ninguém como ela. Ela era incrível. Uma das melhores coisas sobre ela, além de sua beleza natural, que era especial, era sua humildade.”
Há poucas semanas atrás, Jessica deu uma entrevista para a revista AARP, que chegou às bancas americanas hoje, onde falava sobre carreira, idade e sobre Sam… “Eu não diria que Sammy é fácil ou engraçado, mas todo mundo tem um lado negro, e o dele sempre teve senso de humor”.
Sam morreu ao 73 anos em sua casa no Kentucky após uma longa luta com a esclerose lateral amiotrófica (ALS) ao lado de seus filhos e irmãs. Muito triste! Mas todos nós com certezas temos uma lembrança preferida do ator. A minha é de um filme de Robert Altman, baseado em uma das peças de Sam, Louco de Amor. O filme é de 1985, e a história de amor destrutivo de Eddie (Sam) e May (Kim Basinger) é inesquecível.