Elas são duas das atrizes que mais gosto. Também são as mais injustiçadas da história recente do Oscar. Glenn Close teve 7 indicações, e nunca ganhou. Amy Adams teve 6, e também nunca ganhou. A torcida por ambas em anos recentes tem sido grande. E agora, é possível que venha mais uma oportunidade por aí. Elas estão simplesmente sensacionais em Era uma Vez um Sonho, que estreou essa semana na Netflix. Essas duas são o motivo para ver o filme, que por vezes pode ser desesperador.
A história
Ele é baseado numa história autobiográfica, que se tornou um best-seller, escrito por J. D. Vance. O roteiro acompanha vários momentos/ épocas da história dele e de sua família. Todos viviam numa situação de pobreza material e cultural. Havia um ciclo contínuo de violência doméstica, abuso de álcool e drogas e falta de perspectivas de forma geral. Ex-fuzileiro naval e estudante de Direito, o jovem J.D. Vance (Gabriel Basso) vê seu sonho de conseguir o emprego ideal ser interrompido por uma crise familiar. Tem então que retornar para a cidade onde nasceu e encarar a complexa dinâmica de sua família. Isso sem contar a difícil relação com sua mãe (Amy Adams). Com as memórias marcantes da avó que o criou (Glenn Close), J.D. embarca em uma jornada de autoconhecimento e das influências de suas origens em sua vida.
A crítica
Era uma Vez um Sonho estava sendo muito esperado. Não só pela reunião das suas duas estrelas, mas também pela direção de Ron Howard. Já aviso que é um filme extremamente incômodo. Retrata situações desesperadoras com relação abuso doméstico, problemas financeiros, vícios dos mais variados, e principalmente um ambiente altamente tóxico. Há cenas realmente chocantes, especialmente com os acessos de raiva da mãe. Mas também é uma história de superação, especialmente centrada no personagem de JD, que está determinado a ter uma vida normal.
Tudo se passa em diferentes períodos entre 1997 e 2011. As idas e vindas do tempo são bem resolvidas. Mas é preciso ficar atento para não se perder na história. É provável que seja um pouco difícil entender esse outro lado de pobreza do sonho americano que não deu certo. Mas o filme não explica nem situa quem não conhece. Simplesmente apresenta a história de JD e sua família. Talvez o livro explique melhor.
JD, vivido por Gabriel Basso quando adulto, e o por Owen Asztalos quando adolescente, é aquele tipo de pessoas para quem você não olharia duas vezes. Os dois atores fazem perfeito contraponto com Amy e Glenn, como sua mãe e avó. As duas dominam a tela com seu talento. Algumas críticas falaram de exagero. Discordo. As duas se despem de qualquer tipo de glamour para entregar personagens tão atropeladas pela vida. E conseguem atuações monumentais. Ao final, com cenas da verdadeira mãe e avó de JD, você vai perceber que Amy e Glenn mais uma vez se superaram.