Lembro-me bem de quando assisti pela primeira vez o desenho de A Bela Adormecida, de Walt Disney. Era um domingo de manhã na Sessão Coca-Cola do Cine Roxy em Santos. Era bem pequena mas a lembrança da aparição assustadora da bruxa Malévola nunca deixou minha mente assim como sua voz. Falava num português perfeito dublada pela maravilhosa atriz Heloísa Helena. Conforme fui ficando mais velha, A Bela Adormecida passou a ser meu desenho preferido da fase clássica dos desenhos da Disney. E, como todo mundo, esperei ansiosamente pela versão cinematográfica da história de Malévola, que estreia este fim de semana nos cinemas, com Angelina Jolie assumindo com perfeição a personagem.
Desde o início, em entrevistas, tanto Angelina quanto os produtores deixaram claro que admiram o desenho clássico e iriam respeitá-lo no filme. E o fazem. Só que também ressaltam as mudanças condizentes com o momento atual. Aqui, as principais personagens femininas são fortes e vão passar por provações. Mas o amor ainda é aquilo que poderá salvá-las de um “sono profundo”, mesmo que ele venha de alguém inesperado. Logo no início somos apresentados a dois reinos vizinhos. Um dominado pelos humanos e outro pelos seres mágicos da floresta. Nesse, vive a menina-fada Malévola, determinada e justa, que convive em grande harmonia com a natureza. Só que um dia, já adulta, ela sofre uma traição, que a revolta e a leva para “o lado negro da força”. Para se vingar, ela resolve lançar uma maldição contra a filha recém-nascida do rei, a princesa Aurora, que cairá num sono profundo quando completar 16 anos e só poderá acordar com um beijo de amor verdadeiro. Aliás, a cena do batizado é belíssima e completamente fiel ao desenho. Até os diálogos (para relembrar, veja o vídeo abaixo).
Ao contrário do que acontece em A Bela Adormecida (que completa 55 anos este ano), Malévola acompanha o crescimento da menina a uma certa distância. Ou pelo menos tenta. Neste momento é que se vê a famosa cena de Angelina com a filha, Vivienne, como a princesa Aurora aos 5 anos. É divertida e fofa. Com certeza você ouvirá Oooohhh! nos cinemas.
A caracterização de Angelina é uma atração à parte. Já se disse que o efeito das maçãs do rosto foi inspirado na capa de um disco de Lady Gaga. Mas é um dos grandes trabalhos do mago Rick Baker. E como atriz, ela está perfeita. Desde os momentos mais felizes do início, passando pelos assustadores (preste atenção como ela usa a voz baixa) até seu grito de dor (dá vontade de aplaudir). Ela faz com que você acredite em todas as motivações e reações, por mais improváveis que sejam.
Elle Fanning, como a Aurora de 16 anos, também não fica atrás. Apesar de aparecer somente após 45 minutos de filme, ela tem um frescor, uma doçura e determinação que você espera da princesa que ilumina todos os lugares por onde passa. Ela “segura” as cenas com Angelina.
É claro que nem tudo é perfeito. Quem será que inventou que Sharlto Copley é um bom ator? Feio, careteiro, um horror. Por que não insistiram com Jude Law, primeira escolha para o papel de Stefan? O rapaz que faz o príncipe Philip (Brenton Thwaites) também parece um integrante do One Direction perdido no meio do filme. Mas não tem importância, afinal, nesta história ele é apenas um coadjuvante.
Como o diretor, Robert Stromberg, é um especialista em cenografia e efeitos visuais ( é sua estreia na direção), o filme é também visualmente belíssimo. Entre os efeitos visuais a destacar estão as transformações do corvo Diaval (os diálogos dele em sua forma humana com Malévola são ótimos) e a primeira batalha pela invasão do reino das fadas.
Para finalizar, a canção Once upon a Dream na ótima versão de Lana Del Rey (veja o vídeo musical abaixo que faz um mix do desenho com o filme – Ótimo!). Impossível não sair do cinema com um sorriso no rosto !