Nicole Kidman trabalha bastante. Eu sinceramente acho que ela deveria ter ganhado seu segundo Oscar por sua atuação como Lucille Ball em Being the Ricardos (disponível no Prime Video). Às vezes ela também erra, como em Tudo em Família, da Netflix, por exemplo. Mas em geral acerta bastante. É o caso de Babygirl, que estreia nos cinemas nessa quinta. Ela concorreu no Globo de Ouro (perdeu para Fernanda Torres) , mas ficou de fora na lista do Critics Choice (assim como Fernanda), que acontece no próximo domingo. Em Babygirl, Nicole se despe de preconceitos, e se desnuda mental e fisicamente. Está muito bem!
No filme, Romy (Nicole Kidman) é uma executiva que conquistou seu posto como CEO com muita dedicação. O mesmo se aplica a sua família e o casamento com Jacob (Antonio Banderas). Tudo o que construiu é posto à prova quando ela embarca em um caso tórrido e proibido com seu estagiário Samuel (Harris Dickinson). Ele é muito mais jovem, e assim como ela, tem seus próprios demônios internos. A partir daí, Romy passa a viver numa corda bamba no que diz respeito às suas responsabilidades e, também, nas dinâmicas de poder que envolvem suas relações.
O que achei?
O filme fala sobre uma mulher que tem uma vida aparentemente perfeita. Mas logo na primeira sequência você percebe que a coisa não é bem assim. É já uma cena forte que já demonstra o que virá. Romy está insatisfeita com sua vida pessoal, e recorre à pornografia para se satisfazer. Mas não é somente isso. Houve alguns momentos que até me lembrou de 9 e meia Semanas de Amor. Só que Romy gosta de ser mandada, de ser Babygirl. E quando ela conhece Samuel, conhece alguém que parece ser seu contraponto. Apesar de ser bem mais jovem, Samuel gosta de mandar. E as cenas dos dois são quentes e extremamente incômodas.
O filme como um todo não é para todos os gostos (só se parece com 9 semanas… em alguns momentos, tá?). Há cenas como a do prato de leite, ou a última com o cachorro, que vão incomodar mais. Uma razão é que o filme foge de estereótipos aos quais estamos acostumados. E o roteiro e a direção não condenam ninguém, o que é muito bom , e um diferencial no cinema atual.
No final…
Samuel não é um sedutor, nem um jovem inocente, e ao mesmo tempo, é um pouco dos dois. Já Romy é um poço de contradições, mas é compreensível. Nicole abrange tudo isso. Ela ainda tem cenas em que mostra que faz tudo pela beleza, para parecer mais jovem ( e os paralelos com a vida real deixam tudo mais interessante). Mas minha cena favorita dela é a cena com o marido na cama onde Romy diz que não tem prazer com ele (e sendo Banderas no papel é mais chocante ainda, rs). Ali Nicole está totalmente entregue à sua personagem, e arrasa. Ela ganhou o prêmio de atriz em Veneza, e é uma das favoritas da temporada. É uma atuação corajosa, e que ajuda a fazer o filme um bom programa (mesmo que não para todos os gostos).