É difícil falar sobre O Doutrinador, que vai estrear essa semana nos cinemas. Especialmente logo depois de uma eleição que teve todo mundo com os nervos a flor da pele. Isso porque o filme toca em assuntos espinhosos. Fala de violência, corrupção e sobre tomar a lei em suas próprias mãos. Antes de entrar no âmbito da história, e da mensagem do filme, é bom começar dizendo que o filme é uma boa produção. Funciona em transpor os quadrinhos para as telas, tem uma produção eficiente nas cenas de ação, onde normalmente as produções nacionais falham. É um bom filme do ponto de vista de entretenimento e estética. Dito isso, vamos lá…
Gostar ou não da mensagem do filme vai depender muito de sua opção política e de vida. Isso porque o personagem principal, o Doutrinador do título, é um anti-herói no melhor estilo dos vigilantes dos quadrinhos. Ele é Miguel, um agente federal altamente treinado que vive num Brasil cujo governo foi sequestrado por uma quadrilha de políticos e empresários corruptos. Só que uma tragédia pessoal o leva a eleger esses corruptos como seus maiores inimigos. E o leva a se vingar da elite política brasileira em pleno período de eleições presidenciais, numa cruzada sem volta.
O personagem principal Miguel/Doutrinador é feito pelo ator Kiko Pissolato, visto em novelas como Avenida Brasil e Os Dez Mandamentos. É forte, sexy e interessante. Apesar de não ser um bom ator, funciona no papel. Ainda há as participações de atores conhecidos como Eduardo Moscovis, Natalia Rodrigues, Helena Ranaldi, Natalia Lage e Tuca Andrada.
Inspirado em personagem de HQ criado por Luciano Cunha, que conta que ele nasceu de sua indignação em relação à classe política brasileira. “O Doutrinador é minha revolta contra esses caras que são o atraso do país, ele simboliza de alguma maneira querer combater a corrupção”. Ele surgiu na internet pelas postagens de Cunha e ganhou repercussão nas redes sociais no período das manifestações de 2013, com a premissa de ser um vigilante determinado a dar um fim a corruptos que causam um mal irreparável às pessoas e ao país. Depois disso, teve resenhas em países como Estados Unidos, Inglaterra e Argentina e teve três edições impressas esgotadas no Brasil.
A mensagem é violenta e , se por uma lado, é condenada por alguns, é defendida por outros. Assim como o recente A Justiceira, com Jennifer Garner, o filme “compreende” o seu anti-herói e suas escolhas. Tanto que ao final, já se anuncia a série de O Doutrinador que será exibida no canal Space em 2019.