Faz tempo que estou ensaiando para escrever sobre Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) – sim, este é o título completo do filme. Ele estreou este fim de semana nos cinemas, alavancado por vários prêmios (o último foi da Academia Australiana de Cinema este fim de semana) e pelas 9 Indicações ao Oscar. São elas melhor filme, direção para Alejandro Iñarritu, ator para Michael Keaton, ator coadjuvante para Edward Norton, atriz coadjuvante (Emma Stone), roteiro original, fotografia, mixagem de som e edição de som. Ufa! Mas, infelizmente, ao contrário da maioria da crítica, não gostei do filme!
Explico: reconheço todas as suas qualidades. Um trabalho de direção impecável de Iñarritu (como sempre), uma história envolvente que se passa no mundo do entretenimento, atores em sua melhor forma, uma trilha sonora instigante e diferente, um final inesperado e aberto.
Mas o realismo fantástico, que admiro em tantos outros trabalhos, aqui me deu uma sensação de claustrofobia. Parecia o filme não acabaria nunca. Os personagens falam todo o tempo como se a raiva e a derrota estivessem presentes a cada momento. Especialmente na segunda parte quando o personagem de Michael Keaton tem sua “descida aos infernos”. No final, posso dizer que Birdman me lembrou que a gente pode admirar um filme por suas qualidades técnicas, sem necessariamente se envolver ou gostar dele.
Para quem não sabe, Michael Keaton faz o papel de Riggan, um ator que ficou famoso fazendo um super herói chamado Birdman no cinema (qualquer semelhança com o Batman que Keaton estrelou não é mera coincidência). Quando ele decidiu não estrelar uma nova aventura do personagem, sua carreira praticamente acabou. Agora, o ator está dando sua última cartada, montando uma peça importante na Broadway. Além de sua própria insegurança, ele tem que enfrentar um outro ator que quer roubar a cena (Edward Norton), os problemas com sua filha (Emma Stone), uma namorada que pode estar grávida, uma crítica poderosa e, é claro, seus próprios demônios.
Para quem quer ver uma aula de cinema, é uma boa opção. Para os fãs de Emma Stone, também (para mim ela merecia todos os prêmios de coadjuvante). Mas quem busca momentos de diversão, entretenimento ou emoção, é melhor ver um outro filme.
Eliane Munhoz